Começou hoje, dia 1° de agosto, a Operação Shamar, uma dentre as muitas ações realizadas durante o Agosto Lilás, que marca o aniversário da Lei Maria da Penha e visa conscientizar a sociedade sobre a violência doméstica e fortalecer a rede de proteção às mulheres.
A Operação Shamar, em particular, foca em aumentar a fiscalização e o acompanhamento das vítimas em todas as cidades do Rio Grande do Sul, com destaque para o trabalho das Patrulhas Maria da Penha.
Em entrevista ao programa “Tá na Hora”, do Grupo Planalto de Comunicação, o Major Jeferson, subcomandante do 3° Regimento de Polícia Montada, a Capitã Luciane, coordenadora da Patrulha Maria da Penha, e a soldada Silvia discutiram a importância dessas ações e compartilharam detalhes sobre os desafios e resultados de seu trabalho.
O Major Jeferson destacou que, culturalmente, muitos casos de violência doméstica não eram denunciados por fatores como constrangimento, dependência psicológica ou financeira.
“Com a Lei Maria da Penha e as ações de divulgação, as vítimas estão mais encorajadas a registrar os casos, o que aumenta temporariamente os números de denúncias, mas reflete uma maior confiança no sistema de proteção”, afirmou.
Além de fiscalizar as Medidas Protetivas de Urgência (MPU), a Patrulha Maria da Penha também se depara com situações de vulnerabilidade socioeconômica que exigem uma abordagem mais ampla, incluindo o encaminhamento das vítimas para serviços de apoio.
Realidade local
A Patrulha Maria da Penha em Passo Fundo está em operação há quase 11 anos e é responsável por acompanhar e proteger mulheres em situação de violência. Em 2024, a patrulha já realizou 569 fiscalizações, acompanhando 794 vítimas. A Capitã Luciane explicou que, embora a patrulha específica exista apenas em Passo Fundo, policiais capacitados para esse trabalho também atuam em outros municípios da região, garantindo que as vítimas em localidades menores também recebam apoio.
Nos primeiros seis meses de 2024, foram registradas 154 novas Medidas Protetivas, das quais 711 vítimas são atendidas em Passo Fundo e 83 em municípios vizinhos. Esse trabalho é fundamental para prevenir tragédias, como os feminicídios.
“Felizmente, não tivemos registros de feminicídios entre as vítimas acompanhadas pela patrulha, mas isso ressalta a importância de ações preventivas e do acompanhamento constante das vítimas”, disse o Major Jeferson.
Perfil do Agressor e Situações de Vulnerabilidade
Durante a entrevista, a Capitã Luciane explicou que, embora não haja um perfil único de agressor, muitos casos de violência doméstica estão relacionados ao uso de álcool ou drogas.
“O agressor pode ser um bom marido ou pai, mas quando consome álcool, pode se tornar violento. Esse padrão é comum em muitos casos que atendemos”, observou.
Casos marcantes e reflexões
A soldada Silvia compartilhou uma das histórias emocionantes sobre o impacto do trabalho da patrulha na vida das vítimas e suas famílias. Silvia lembrou de uma visita em que uma criança, de aproximadamente quatro anos, pediu ajuda de maneira sutil, pedindo uma nova escova de dentes. Esse gesto simples demonstrou a vulnerabilidade das famílias atendidas e a necessidade de um apoio que vai além da fiscalização das medidas protetivas.
A Capitã Luciane ressaltou a importância de registrar todas as formas de agressão, por mais “simples” que possam parecer, pois a primeira violência raramente é a última.
“É essencial que as vítimas denunciem desde o primeiro sinal de violência, para evitar que a situação se agrave”, concluiu.