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Viver desconfiado

Existiu, certa vez, uma pessoa que vivia desconfiada de tudo e de todos. Não enxergava reta intenção em nenhum ato humano. A convivência com ela tornou-se difícil, pois, via segundas intenções e objetivos escusos em todos os seus atos.

– O único queijo de graça é o da ratoeira – era seu ditado predileto, para definir seu pensamento sobre as ações das pessoas.

Se alguém prestasse um favor a outra pessoa necessitada, lá vinha com o ditado de sempre.

Se alguém admirava uma obra social, logo queria saber “o que havia por trás” dessa “boa obra”.

Se alguém pedia uma colaboração, uma participação num mutirão, ou um gesto de solidariedade, não tardava a receber o seu voto de desconfiança. Tornou-se um “desconfiado profissional”.

Julgava-se consciente, lúcido, esclarecido e sabedor da realidade. Era o único do mundo que recebera todos os dons do discernimento. Configurava os outros como dignos de lástima, pois tudo o que faziam era para perpetuar uma situação que em nada ajudava a resolver os problemas. Era o “sabe tudo”. Antes de alguém fazer uma promoção, julgava ele ser obrigatório submeter-lhe o projeto e receber dele uma opinião. Sua eventual aprovação dava um ar de legitimidade. Mas, aos poucos, todos se isolaram dele e não se importavam mais com seu parecer.

Certo dia, o referido homem adoeceu gravemente e foi hospitalizado. Necessitou de muitos cuidados médicos e os gastos foram-se avolumando. Como não tinha plano de saúde e os recursos pessoais eram escassos, necessitou da ajuda dos outros. Felizmente, uma pessoa muito altruísta encabeçou a campanha de doações e alcançou para a família uma significativa ajuda. Um cartão acompanhava a doação: “Atrás deste queijo, não há ratoeira”.

Depois de recuperado, vivia preocupado com os favores que devia a todo mundo, pois, pelo anonimato das ofertas recebidas, não sabia a quem agradecer.

Convém acreditar na boa vontade das pessoas e na reta intenção de sua ajuda, sem segundas intenções em seus atos. No ambiente de desconfiança, a vida se torna impossível. Mais cedo ou mais tarde, cada um precisará do outro.

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