A Igreja, sinfonia vocacional, convocada pelo Mestre de Nazaré a evangelizar devido à constatação da imensidão da messe e do diminuto número de operários (cf. Mt 9,37-38)) conta para esta tarefa com o serviço e ministérios dos leigos e leigas.
A Constituição Dogmática Lumem Gentium define como leigos os cristãos incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos Povo de Deus e, a seu modo, feitos participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo (LG 31).
São homens e mulheres que vivem de uma forma especial a condição de batizados, enquanto membros do Povo de Deus e exercem sacerdócio comum, que muito enriquece e fortalece a Igreja no compromisso de anunciar e testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo. É uma graça e um grande compromisso.
O decreto Pós Conciliar Apostolicam Actuositatem afirma que o apostolado dos leigos decorre de sua vocação cristã e nunca pode faltar à Igreja, sendo, segundo as Sagradas Escrituras uma atividade espontânea e fecunda desde os primeiros tempos da Igreja (cf. AA 1), em vista da difusão do Evangelho de Jesus Cristo.
Vê-se, com diferentes nuances que os leigos, em todos os tempos, foram sujeitos ativos da missão evangelizadora da Igreja. A evangelização é a sua vocação e identidade enquanto cristãos. Nesta condição assumem o princípio paulino: ai de mim se não evangelizar (1Cor 9,16)
Neste domingo em que celebramos a vocação dos leigos e leigas assinalamos alguns lugares valiosos onde este serviço é prestado em nome da evangelização e fazendo fértil a condição batismal. Os leigos agem no mundo como o fermento, transformando-o a partir dos seus compromissos de fé, impregnando o mundo do sentido evangélico segundo o que pede Jesus no evangelho de João: “não te peço que os tire do mundo, mas que os guarde do mal.
Eles não são do mundo como eu não sou do mundo (…) assim como me enviaste ao mundo eu também os enviei ao mundo” (Jo 17, 15-18). O mundo é o lugar primeiro do apostolado dos leigos em nome da fé e do compromisso eclesial. O Documento de Aparecida afirma que são os homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja (DAp 209).
Todavia, a Igreja seria frágil sem a atuação dos leigos nos seus processos internos na perspectiva ad intra, na dimensão sacramental, que não pode ser negligenciada. Quantos leigos exercem serviços e ministérios voltados ao culto e outras demandas? São importantes e necessários.
Os instrumentistas, leitores, acólitos, coroinhas, ministros da eucaristia, salmistas, cantores, ornamentistas, atuam de forma gratuita e abnegada em suas comunidades, em vista dos processos internos de evangelização e de culto. Respondem ao que Papa menciona na Exortação Evangelium Gaudium como pastoral ordinária. Pelo serviço prestado ajudam os outros fieis a se alimentarem da Palavra e do Pão da vida eterna (EG 14) e de outras necessidades próprias de uma comunidade viva e atuante.
Encontramos leigos e leigas servindo à Igreja no ensino. É um ministério extremamente importante. Por ensino compreendemos a iniciação à vida cristã, às formações internas das comunidades, às orientações, como também o exercício do ensino da teologia nas faculdades. É a prática do pedido feito por Pedro a sua comunidade: é preciso mostrar os motivos na nossa esperança (1Pd 3,15).
O ensino é tarefa dos ministros ordenados e consagrados, mas também dos leigos e leigas. Com isso, se amplia e enriquece as possibilidades para os ministérios ligados à reflexão bíblico teológica e catequese na comunidade eclesial. Cabe lembrar que o ensino da teologia é uma demanda da comunidade a qual o leigo pode perfeitamente suprir e deve ser preparado para tanto.
Os leigos e leigas exercem o ministério também no serviço da caridade, uma atividade que é irrenunciável à própria Igreja, sobretudo em uma sociedade marcada por tantas desigualdades que expressa tanta dor e sofrimento. O Documento de Aparecida afirma que a Igreja está convocada a ser a advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas (DAp 395).
Ela consegue fazer isso graças em grande parte ao trabalho dos leigos e leigas, porque eles têm a capacidade de agir no mundo como cristãos e em nome da Igreja. Este agir no mundo em diferentes setores e instituições responde, ao pedido do Papa Francisco descrito na Exortação Evangelii Gaudium: cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da libertação e promoção dos pobres (EG 187).
É de suma importância atuação no mundo da política em vista do bem comum. Neste caso a atuação dos leigos é descrita como a mais preciosa forma de caridade (EG 205). Certamente é um campo, complexo, árido, porém necessitado da presença cristã. É possível dar um testemunho, agindo como sal e luz, transformando realidades e iluminando-as pela boa prática.
Agradecemos a Deus a presença, testemunho e ministérios dos leigos na Igreja. É uma forma toda especial de viver o compromisso batismal. Para a Igreja são ministérios necessários porque a enriquece e dinamiza seu itinerário evangelizador.
Pe. Ari Antonio dos Reis
Gerson Corrêa