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Peregrinação quaresmal Convertei-vos e crede no evangelho!

Pe. Ari Antonio dos Reis

Iniciamos na quarta-feira de cinzas a nossa peregrinação quaresmal. A expressão peregrinação proposta para este tempo está em comunhão com a experiência bonita que estamos vivendo, o “ano jubilar”, que tem como lema “peregrinos da esperança.

A palavra “peregrino” vem do termo latino peregrinus, que significa “estrangeiro”, “exótico”, “estranho” ou “que vem de terras distantes”. A palavra é composta por per e agere, que significa “viajar longe”. A última acepção é significativa e dá a dimensão da nossa missão na terra. Neste mundo somos peregrinos, o nosso destino é a pátria celeste.

A expressão peregrino começou a ser usada em português na primeira metade do século XIII. Era usada para designar os cristãos que viajavam a Roma ou à Terra Santa. A peregrinação é uma atividade também das outras Tradições Religiosas que motivam seus seguidores a viajarem para locais considerados sagrados, nos quais realizam seus atos de culto. Consideramos também que toda peregrinação tem uma forte característica espiritual. Não é um deslocamento qualquer. É um caminhar transformador como é todo o ato de fé.

Neste tempo quaresmal iniciamos uma peregrinação especial. É um caminho de quarenta dias embasado na fé e dialogante com a nossa realidade.  É um tempo de graça com algumas características especiais. Primeiro, ajuda a mergulharmos no mistério de Deus, o verbo encarnado que chega ao extremo de enfrentar a cruz, proposta dos adversários, em vista da salvação da humanidade. A expressão, “amou-nos até fim”, que marca a vida e missão de Jesus, ganha grande densidade neste tempo quaresmal. É oportunidade de compreendermos este mistério. De forma concreta a oração da via-sacra ajuda de forma direta a compreender este mistério de amor.

A peregrinação quaresmal tem também o acento da esperança que brota da fé. O cristão é uma pessoa de esperança e esta esperança se funda em Jesus Cristo e em seu amor profundo pelo ser humano como ele sugere aos discípulos “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). A esperança não é mágica ou está nas nuvens.  Ela se concretiza no cotidiano com atitudes concretas, fundadas na fé. A peregrinação quaresmal renova a esperança porque leva todos ao mistério pascal quando celebramos a vida que venceu a morte e está explicitada no túmulo vazio.

A peregrinação quaresmal convida ao compromisso que emerge da fé. Este compromisso leva à presença de Deus e do outro. Portanto, cuidado para não fazermos da caminhada quaresmal um processo intimista e individualista. A contrário disso, ela convida a abertura, ao encontro com Deus e com o outro, sobretudo pela oração e pela prática da caridade, como sugere o evangelho proposto para a quarta-feira de cinzas (cf. Mt. 6,1-6.16-20). Através destes exercícios propostos é possível vivermos os compromissos da fé e, enquanto peregrinos da esperança, aproveitarmos este tempo de graça.

Em uma terceira perspectiva a quaresma apresenta, para os cristãos o convite permanente à conversão. O rito da imposição das cinzas apresentava a motivação “convertei-vos e crede no evangelho”. A conversão é um processo permanente e se prolonga por toda a existência deste que estejamos abertos a esta graça. A grande limitação dos fariseus ao fecharem-se a boa nova de Jesus estava no fato de se considerarem convertidos, prontos diante da salvação. Evitemos este equívoco. Deus cotidianamente vai oferecendo aos seus filhos e filhas possibilidades de conversão e salvação. Sejamos sensíveis para acolhemos estes sinais. Na quaresma eles são mais explícitos.

Por fim, sugere-se a importância de algo que sinalize a peregrinação feita no tempo da quaresma. Muitas pessoas assumem um compromisso para o tempo quaresmal. É valoroso porque deixa visível que um processo aconteceu. Também um gesto concreto pessoal ou comunitário tem grande valor e assinala que algo de profundo aconteceu na peregrinação.

Aproveitemos este tempo de graça, façamos uma boa peregrinação quaresmal.

Pe. Ari Antonio dos Reis

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