Grupo Planalto de comunicação

Alexandre de Moraes alerta que bancos brasileiros podem ser punidos por cumprir sanções dos EUA Ministro do STF afirma que instituições financeiras não podem bloquear ativos por ordens internacionais sem homologação no Brasil

Foto: Gustavo Moreno/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou nesta quarta-feira (20) que bancos e instituições financeiras no Brasil podem ser penalizados caso bloqueiem ativos por ordens de governos estrangeiros, como as recentes sanções dos Estados Unidos baseadas na Lei Magnitsky.

A legislação norte-americana prevê restrições financeiras, bloqueio de contas bancárias, impedimento de transações com empresas americanas e até a proibição de entrada no país para pessoas consideradas violadoras de direitos humanos. Apesar de as medidas terem sido anunciadas contra Moraes, elas tiveram impacto limitado, já que o ministro não possui bens ou contas nos Estados Unidos e não costuma viajar para o país.

“Agora, da mesma forma, se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. Eles podem ser penalizados internamente”, afirmou Moraes à Reuters. Segundo o ministro, aplicar internamente tais sanções sem homologação judicial brasileira poderia colocar as instituições financeiras em risco de penalizações internas.

Ele ainda classificou o uso da lei norte-americana contra ele como “totalmente equivocado” e alertou para o risco que a medida representa não só para bancos brasileiros, mas também para empresas americanas com operações no país: “Esse desvio de finalidade na aplicação da lei coloca até instituições financeiras em uma situação difícil. E não são só instituições financeiras brasileiras, mas seus parceiros norte-americanos, são empresas norte-americanas que atuam no Brasil e também têm contas, investimentos, financiamentos de bancos brasileiros.”

Moraes afirmou esperar que o governo dos Estados Unidos revise as sanções e destacou que há possibilidade de questionamento judicial: “É plenamente possível uma impugnação judicial (nos EUA) e até agora não encontrei nenhum professor ou advogado brasileiro ou norte-americano que ache que a justiça não iria reverter. Mas, nesse momento, eu aguardo, e foi uma opção minha, aguardar a questão diplomática do país, Brasil e Estados Unidos.”

O posicionamento do ministro está alinhado à decisão recente do também ministro Flávio Dino, segundo a qual decisões judiciais estrangeiras só podem ser executadas no Brasil após homologação pela Justiça local. A medida reforça que qualquer ordem internacional não tem validade automática e precisa passar pelo crivo do sistema judicial brasileiro.

A situação gerou debates sobre a aplicação da Lei Magnitsky em território brasileiro, especialmente no que diz respeito à atuação de bancos e empresas estrangeiras com negócios no país, destacando a necessidade de respeitar a soberania jurídica nacional.

Facebook
Twitter
WhatsApp