Grupo Planalto de comunicação

A bombacha: símbolo da tradição gaúcha e traje oficial do Rio Grande do Sul

Foto: Lauro Dieckmann

A bombacha, tradicional calça abotoada no tornozelo, é um dos principais símbolos da identidade cultural gaúcha. Derivada do termo espanhol bombacho, que significa “calças largas”, essa vestimenta representa mais do que um item do vestuário: é um elemento de pertencimento e orgulho regional.

Feita de tecidos como brim, linho, tergal ou algodão, a bombacha pode ter padrão liso, listrado ou xadrez discreto, sempre respeitando a sobriedade de tons e evitando cores chamativas ou contrastantes. Desde 1989, a bombacha e o conjunto da indumentária tradicional gaúcha, conhecido como pilcha, são considerados trajes oficiais no Rio Grande do Sul, conforme estabelecido pela Lei Estadual nº 8.813. A norma permite a substituição de vestes sociais pela pilcha em eventos formais, incluindo sessões legislativas estaduais e municipais, desde que respeitadas as orientações do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

Origens incertas, função comprovada

A origem da bombacha ainda é tema de debate entre estudiosos. Uma das teorias aponta que sua introdução teria ocorrido por meio do comércio britânico no Rio da Prata, por volta de 1860, como vestimenta herdada de uniformes coloniais de inspiração turca, possivelmente vindos da Guerra da Crimeia. Outra hipótese remete à Invasão Moura na Península Ibérica, quando calças largas teriam sido incorporadas ao vestuário da região de Maragateria, no norte da Espanha, e posteriormente trazidas à América pelos maragatos. Há ainda quem defenda que a peça tenha origem na Ilha da Madeira.

No Rio Grande do Sul, a bombacha começou a ser usada pelas camadas mais humildes, especialmente no trabalho nas estâncias, após a Guerra do Paraguai. Seu uso difundiu-se gradativamente entre todas as classes sociais, consolidando-se como indumentária típica.

Tipos e variações regionais

A bombacha varia conforme a região do estado. Na Fronteira, é larga e acompanhada por faixa de lã grossa na cintura e guaiaca com múltiplas bolsas, uma para moedas, outra para dinheiro e uma terceira para o relógio de bolso. A faca, elemento simbólico, é usada nas costas. Na Serra Gaúcha, a bombacha é mais estreita e a guaiaca costuma ser peluda, com coldre ao lado esquerdo. No Planalto e nas Missões, ela apresenta largura média, mantendo os favos-de-mel nas laterais e a guaiaca semelhante à da Fronteira.

Etiqueta e regulamentação

Conforme o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que normatiza o uso da pilcha, as bombachas devem ter a largura das pernas proporcional à cintura. Devem ser usadas por dentro das botas e não podem ser plissadas, coloridas ou acompanhadas de camisas estampadas, bonés, boinas ou túnicas militares. O uso completo da pilcha em cor preta também é desaconselhado, por remeter à figura do “zorro”, o que descaracteriza a proposta tradicional.

Outro ponto importante é a distinção de gênero no uso da vestimenta. Em ocasiões formais e fandangos, mulheres não devem usar bombacha, devendo optar por trajes femininos tradicionalistas.

Com rigor, tradição e orgulho, a bombacha continua sendo um símbolo vivo do Rio Grande do Sul, representando a força, a história e a elegância do povo gaúcho.

Facebook
Twitter
WhatsApp