O prédio que um dia abrigou a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Passo Fundo continua em completo abandono, servindo como motivo de temor constante para a comunidade do entorno. Localizado na Avenida Doutor César Santos, no bairro Petrópolis, o imóvel segue se deteriorando, tomado por lixo, entulho, animais abandonados e ocupado por pessoas em situação de rua. Moradores da região relatam medo, sensação de insegurança e apontam que o local se tornou foco de problemas sociais e de saúde pública.
Desde 2019, quando foi interditado após laudos técnicos apontarem risco estrutural grave, o prédio foi totalmente desocupado, mas nunca demolido ou reaproveitado. Com as janelas roubadas, pichações nas paredes e lixo acumulado, o cenário hoje é de abandono total.
Com o passar dos anos, a estrutura se tornou um abrigo improvisado para pessoas em situação de vulnerabilidade, além de um local de despejo de lixo doméstico, móveis quebrados, eletrodomésticos inutilizados e até animais abandonados. Cães e gatos são frequentemente deixados na área, vivendo em condições precárias, o que levanta ainda mais preocupação sobre o risco de transmissão de doenças.
A vizinhança convive com o medo constante. Há relatos de moradores que evitam passar pela calçada, principalmente à noite, por receio de abordagens ou pela presença de usuários de drogas. “A gente vive com medo. Tem gente que entra aí o tempo todo, e ninguém faz nada. À noite é escuro, tem gente que vem usar droga. Isso aqui virou um problema pra todo mundo”, conta uma moradora da região.
A responsabilidade pela estrutura é do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Segundo apurado, o imóvel estaria sob administração da Secretaria de Obras do Estado, mais especificamente no setor de patrimônio. Atualmente, tramita um projeto de permuta entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Passo Fundo, que pode mudar o destino do local.
Segundo informações obtidas junto ao presidente da Câmara de Vereadores, vereador Gio Krug, o prédio da antiga DPPA pode estar incluído na lista de imóveis que serão repassados ao município em contrapartida à construção da futura “Cidade da Polícia” — um complexo de segurança que será erguido no antigo Delmar Sitoni, na vila Dona Eliza.
O novo complexo abrigará cinco delegacias da Polícia Civil, a Secretaria Municipal de Segurança Pública e o Centro Integrado de Operação de Segurança. Com um investimento de R$ 25 milhões, a estrutura contará com duas edificações modernas e integradas, totalizando 12 mil metros quadrados de área. A expectativa é que, após o início das obras, a entrega ocorra em até dois anos.
O projeto, articulado pelo deputado federal Luciano Azevedo e desenvolvido em parceria com as forças policiais, deve concentrar as ações de segurança do município em um único espaço, permitindo a desocupação de prédios antigos e inadequados — como o da antiga DPPA. No entanto, até que o trâmite de permuta seja concluído e a construção da Cidade da Polícia avance, o prédio segue sem qualquer tipo de intervenção.
Enquanto isso, a estrutura abandonada continua impactando negativamente a qualidade de vida dos moradores e representa um risco à saúde e à segurança pública. O cenário evidencia o quanto o descaso com o patrimônio público e a demora na tomada de decisões por parte das autoridades agravam problemas urbanos já existentes.
Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação