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Aos pais cujos filhos deixaram a igreja

O religioso e psicólogo Hermes C.
Fernandes retrata um tema importante para uma época em que é bastante comum os
filhos e filhas não seguirem os passos de seus pais, seja no seguimento da fé
ou seja nos rumos de suas vidas. Repercutimos, nesta coluna, este brilhante
texto já publicado no site
www.neipies.com

“Sim, sei o quanto dói cria-los no caminho da fé e
vê-los se afastar da igreja ao ingressar na vida adulta. A gente se vê tomado
de culpa, perguntando-se: Onde foi que errei?

Perdemos noites de sono. Perguntamo-nos onde eles
estarão naquele momento. Se pudéssemos, retrocederíamos no tempo para poder
colocá-los no colo novamente e protegê-los das ameaças deste mundo hostil.

Às vezes, erramos. Quase nunca, intencionalmente.
Noutras vezes, simplesmente acontece sem que tenhamos feito nada para
contribuir para o seu afastamento.

Mil coisas se passam pela nossa cabeça.

Como
posso continuar pregando o evangelho se meus próprios filhos já não o seguem?
Que credibilidade terei para ensinar a outros o que nem eles mesmos vivem?

Tais questões têm alguma pertinência, porém, devo
salientar que estão longe de serem as mais importantes.

Esqueça o que os outros vão falar. Deixe de lado
seu orgulho e preocupação com sua imagem. Pense neles, exclusivamente neles.

Não será com indiretas pelas redes sociais que você
vai trazê-los de volta. Muito menos com sermões sobre o “filho pródigo” ou
sobre “voltar ao primeiro amor.” Lembre-se de que eles cresceram ouvindo estes
e tantos outros sermões.

O que
fazer, então? Como reagir ao vê-los encantados com o que o mundo lhes pode
oferecer?

Primeiro, vamos entender quais as possíveis razões
de haverem se afastado.

Alguns se afastaram ao verem suas igrejas se
comprometendo politicamente com o que consideram mais incongruente com os
valores que abraçaram.

Outros se afastaram por enfrentarem uma crise
legítima de fé. De repente, o que ouvem na igreja parece não fazer mais sentido
diante das demandas do mundo que lhes cerca, ou diante do que têm aprendido na
escola ou faculdade.

Outros ainda, se afastaram por desejarem
experimentar aquilo que a igreja proíbe.

Há, também, os que se afastaram por razões ligadas
à sua orientação sexual ou identidade de gênero.

E há os que se afastaram por problemas relacionados
à sua própria família, como desentendimento com os pais ou o divórcio dos
mesmos.

Certamente, há outros motivos que poderíamos
relacionar aqui. Sejam eles quais forem, não devem ser motivo para
questionarmos a legitimidade da experiência que tiveram com Cristo.

Jamais ponha em xeque a conversão deles. Só Deus
conhece profundamente os seus corações e as razões que os levaram a se afastar.

Evite expor em redes sociais os eventuais conflitos
enfrentados por vocês. A intromissão das pessoas só prejudicará ainda mais a
relação de vocês, podendo, inclusive, inibir qualquer reaproximação da fé.

A menos que você tenha sido um pai ou uma mãe
completamente relapso (a), não se culpe pelo afastamento deles.

A verdade
é que cada um precisa percorrer sua própria jornada espiritual. Não dá para
terceirizar nossa espiritualidade. A subjetividade é solo sagrado, onde ninguém
deve se atrever a pisar sem estar descalço de suas suposições, preconceitos, ou
mesmo, certezas.

Você já deve ter se perguntado: “Por que justamente
comigo?” ou “Por que não com outros pais menos zelosos que eu?” Sugiro que
substitua esta questão por outra: Por que não comigo? Afinal, ninguém é melhor
do que ninguém. Aconteceu até com Billy Graham, considerado o maior evangelista
do século XX, que enquanto fazia cruzadas evangelísticas reunindo multidões ao
redor do mundo, seu filho se drogava e se entregava aos prazeres desenfreados
da carne. Foi este mesmo filho que o sucedeu no ministério após sua morte.

Haja o que houver, jamais desista de seus filhos.
Mas não tente impor-lhes sua fé.

Independentemente
de estarem ou não na igreja, os princípios e valores que você lhes ensinou os
acompanharão pelo resto de suas vidas, e isso é a evidência inconteste de que
você cumpriu e tem cumprido sua missão.

Console-se com o fato de que “aquele que começou a
boa obra, há de completa-la até o dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1:6). Deus
jamais abandona uma obra pela metade.

O que você pode fazer? Orar, amar, acolher.

Ore por seus filhos diuturnamente. Peça que o
Espírito Santo se encarregue de colocar as pessoas certas em seus caminhos, e
de dirigir-lhes os passos.

Se antes, você buscou protegê-los do mundo,
possivelmente agora terá que protegê-los da maldade fermentada na própria
igreja.

Não permita que rotulem seus filhos. Confronte a
hipocrisia daqueles que se aproveitam do momento para tripudiar como se estes tivessem
a família perfeita. Defenda sua cria!

Eventualmente, o mundo vai decepcioná-los. Quando
isso acontecer, não jogue na cara deles. Não diga algo do tipo “eu não te
disse?” Isso só vai piorar as coisas. Quando todos os decepcionarem, abrace-os
fortemente. Cubra-os de amor.

Eles podem até resistir aos seus argumentos, mas
serão absolutamente vulneráveis ao seu amor”.

FONTE: https://www.neipies.com/aos-pais-cujos-filhos-deixaram-a-igreja/

Autor:
Hermes C. Fernandes

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