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Batismo do Senhor: tu és o meu filho amado…

Pe. Ari Antonio dos Reis

Neste domingo celebramos a Festa do Batismo do Senhor que encerra o Tempo Litúrgico do Natal. A expressão batismo se origina do termo grego baptizein. Em latim, baptismus, que significa imergir, ou mergulhar.  A Sagrada Escritura apresenta João Batista, o precursor de Jesus, o profeta que veio do deserto, conclamando as pessoas a um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados (cf. Mc 1,1-8).

Aqueles que demostravam verdadeira vontade em mudar de vida eram batizados, no rio Jordão, mergulhados em uma nova caminhada visibilizando atitudes concretas segundo orientação do profeta (cf. Lc 3,10-14). Diante da dúvida se acaso não seria o Messias, João também anunciava aquele que batizaria as pessoas no Espírito Santo. Assim deixa explicita a sua missão de preparar o caminho do Senhor.

Jesus, o Filho de Deus, vindo de Nazaré, Galileia, juntou-se aos que se aproximaram de João, em vista do batismo no rio Jordão. A atitude de Jesus tem um sentido de confirmação da missão profética assumida por João. Significa que tudo o que João pregava e defendia era também a proposta a ser assumida e plenificad pelo Filho de Deus. Em alguns momentos as pessoas o confundiam com os profetas precedentes na história (Mt 16,14), afinal, Ele também mergulhava na “causa” de João e dos demais profetas. O “rito” do batismo traduz este compromisso com o passado profético, representado por João Batista, que o próprio Jesus reiterou: entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista (Mt 11,11).

A atitude de Jesus é corroborada pela ação do Pai e do Espírito Santo. A Trindade está manifestada na ação Batismal como descrito no texto de Marcos: “enquanto Jesus rezava, o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba e do céu veio uma voz: “tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem querer” (Lc 3,22).

Duas constatações segundo esta passagem: a) a movimentação do Espírito Santo e as palavras do Pai são respostas à oração de Jesus. Ela é imediata e consistente; b) Jesus não assumiria a missão sozinho; assumiria em comunhão com o Pai e o Espírito Santo, que o acompanharão em toda a jornada missionária iniciada quando deixou as águas do Jordão.

A Sagrada Escritura não deixa explícito o batismo dos discípulos. Apresenta na versão dos quatro evangelistas o chamado ao discipulado, a composição do grupo que estaria com Jesus na sua jornada. Quando percebe a grande dificuldade do povo os envia para as atividades que ele já estava fazendo, ou seja, o ensinamento e as curas. Lucas se difere porque além dos 12 enviados menciona a presença de mulheres no discipulado (Lc 8,1-3) e o envio de outros 72 discípulos em missão além dos doze (Lc 10, 1-11) com a mesma autoridade e desempenhando as mesmas funções.

O compromisso em batizar surge no texto de Mateus no relato pós ressurreição (Mt 28, 16-20). O ressuscitado encontrou-se com os discípulos na Galileia. O grupo ainda estava marcado pela dúvida e insegurança, consequência dos fatos acontecidos. Segundo o texto, naquele encontro, havia dúvida em alguns (cf. Mt 28,17). Diante do grupo, Ele faz uma afirmação contundente: toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra (Mt 28,18). Nos reportamos ao ato do batismo e as palavras pronunciados pelo Pai segundo a versão de Lucas: tu és o meu Filho amado em ti ponho o meu bem querer” (Lc 3,22).

Segue o mandato assim distribuído: a- vão portando, e façam com que todas as nações se tornem minhas discípulas; b- batizando-as em nome do Pai e do filho e do Espírito Santo (à semelhança do seu batismo); c- ensinando-as observar tudo o que lhes ordenei. Dá ao grupo uma certeza: eis que eu estarei convosco todos dos dias, até o fim dos tempos (Mt 28,20).

Vê-se então a relação profunda do batismo de Jesus e o que Ele pede para os seus seguidores. Ao os enviar em missão, coloca como constitutivo do mandato o batismo, também permitindo que os seus interlocutores tivessem a graça da imersão na proposta de vida cristã.

O pedido de Jesus, mediado pela Igreja, chega aos cristãos do nosso tempo. No rito do batismo, quando os pais e padrinhos apresentam a criança para ser batizada, o celebrante pergunta: “o que pedis a Igreja para o vosso filho? ”  Ao que os pais respondem “o batismo”. Esse pedido é feito na fé dos pais e padrinhos, uma graça concedida que permite que aquela pessoa, pelo sacramento recebido se torne membro do povo de Deus. A comunidade cristã se alegra porque celebra a incorporação de um novo membro a Cristo e a seu corpo ali representado (cf. DAp 175b).

Jesus, ao buscar o Batismo no rio Jordão, confirma a missão iniciada por João Batista e os profetas que o precederam. Tem a confirmação do Espírito Santo e do Pai que a obra que iria realizar seria do seu agrado. Os cristãos que vivem o compromisso batismal dão seguimento à missão iniciada por Jesus, por isso o batismo é graça e compromisso.

Pe. Ari Antonio dos Reis.

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