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Cadê a Árvore Que Estava Aqui?

Em um mundo cada vez mais complexo, urbanizado e tecnológico, as árvores permanecem como símbolos de força, resiliência e conexão com a natureza. Desde a infância, todos tivemos uma experiência que fascina e nos faz mais humildes comparados a grandiosidade das árvores, suas copas que se erguem como catedrais naturais, a floração, os frutos, suas raízes profundas que se entrelaçam no solo, e sua capacidade de sobreviver e prosperar em condições adversas.

As árvores não são apenas seres vivos majestosos, mas também fontes de inspiração, sabedoria e cura. Sua presença proporciona momentos de paz e reflexão, nos ensina sobre a importância do equilíbrio ambiental e reconecta os seres pertencentes à vastidão do mundo natural.

A biofilia, conceito que se refere ao amor e conexão inata dos seres humanos com a natureza, é cada vez mais importante para as gerações atuais devido aos seus benefícios comprovados para a saúde física e mental. Aplicada na paisagem de espaços públicos pode gerar uma sensação de acolhimento e pertencimento nos usuários, por meio da percepção olfativa, tátil, sonora e visual da natureza. Isso cria um vínculo emocional entre as pessoas e o lugar, estimulando a socialização. Contribui para a socialização nas cidades por meio da criação de espaços públicos verdes acolhedores, da promoção da educação ambiental e da integração entre natureza e urbanismo, criando ambientes mais saudáveis e propícios para a interação social. Estudos mostram que a interação com ambientes naturais, mesmo que por poucos minutos diários, traz efeitos benéficos cumulativos. Pessoas que passaram pelo menos 120 minutos por semana em áreas verdes apresentaram menor propensão a desenvolver doenças e maior bem-estar psicológico. Os principais benefícios da biofilia incluem a redução do estresse, irritabilidade e raiva, sensação de frescor nos pulmões, melhora do bem-estar psicológico e emocional, estímulo à calma, concentração e relaxamento.

As cidades biofílicas são projetadas para integrar a natureza nos ambientes urbanos, criando espaços onde a vida urbana e a natureza coexistem. Esses espaços não só são bonitos, mas também melhoram a saúde e a qualidade de vida das pessoas.

No Brasil, algumas cidades estão adotando princípios de urbanismo biofílico. Curitiba, por exemplo, é conhecida por seus muitos parques e áreas verdes, incluindo o Jardim Botânico e o Parque Barigui. A cidade tem programas de arborização e gestão de resíduos que promovem a sustentabilidade e a integração com a natureza.

Outra cidade é Belo Horizonte, com seu ambicioso projeto de criar um “cinturão verde” ao redor da cidade, promovendo a preservação de áreas naturais e a criação de novos parques e espaços verdes para os habitantes. Esses projetos ajudam a manter a beleza cênica e a promover um ambiente saudável e sustentável para todos.

A urbanização leva à falta de áreas verdes e à valorização dos terrenos baldios como um verdadeiro prêmio. Para não criar a sensação de que faltam espaços verdes, pode-se conectar os parques urbanos existentes através de caminhos que facilitem o acesso a essas áreas por parte dos moradores. Assim, as cidades biofílicas oferecem várias opções para se estar ao ar livre e realizar caminhadas. Redes de trilhas e ciclovias interligando parques e áreas verdes são essenciais para promover a mobilidade sustentável e o bem-estar dos cidadãos.

Entretanto, a rotina diária e o estilo de vida moderno proporciona uma redução do contato diário com a natureza e no que diz respeito às árvores, não vemos mais as crianças subindo em árvores. Talvez por não serem incentivadas a subir e ocorrer algum acidente como quebrar um braço, uma perna ou outra parte do corpo. Algo que era comum entre as crianças. O uso do celular e a exposição às telas podem ser os fatores dessa falta de interação. Porém, numa visão mais ampla, temos que trazer à tona um conceito que pode nos ajudar a entender o mundo que vivemos hoje que é o antropoceno.

Quantas vezes você já se perguntou: Cadê a Árvore Que Estava Aqui? Quem cortou? Será que foi uma questão de segurança? Ou será que foi para dar espaço para um espaço com cimento ou calçada?

Mas o que tudo isso tem a ver com o Antropoceno?

É importante entender o que o Antropoceno é uma era geológica ou não, definida pela ação humana na Terra e se caracteriza por três fatores interligados que moldaram profundamente o planeta: aceleração tecnológica, o crescimento populacional explosivo e o consumismo exacerbado que alteram drasticamente a face do planeta.

A combinação do progresso tecnológico, do crescimento populacional e do aumento do consumo gerou impactos talvez irreversíveis na Terra. As atividades humanas intensificaram a emissão de gases de efeito estufa, o desmatamento, a poluição e a exploração desenfreada de recursos naturais, levando a mudanças climáticas, perda de biodiversidade e degradação ambiental em larga escala.

À medida que nos afastamos das áreas verdes e nos ludibriamos com objetos plásticos que podem parar no estômago de uma tartaruga, estamos deixando de lado muitas décadas de observação e aprendizado com a natureza. Ações estas comuns aos nossos antepassados recentes que aprenderam a importância de respeitar e contemplar a grandeza da biodiversidade e da natureza.

É urgente que a humanidade reconheça a sua responsabilidade pelas transformações do planeta e tome medidas efetivas para construir um futuro onde o bem-estar humano e a preservação ambiental coexistem em harmonia. Através da colaboração global, inovação tecnológica e mudanças nos valores e comportamentos, podemos mitigar os desafios do Antropoceno e construir um futuro sustentável para todos.

Podemos aprender com cidades biofílicas como Nova York, Seattle, Curitiba e Belo Horizonte, onde políticas públicas e iniciativas comunitárias trabalham juntas para integrar a natureza no cotidiano urbano. Deixo aqui algumas ações por onde podemos começar hoje mesmo: plante árvores, proteja os espaços verdes, adote parques e áreas de conservação e participe de programas comunitários como hortas e refúgios climáticos.

Não podemos nos eximir da responsabilidade pelas transformações que o planeta sofreu em decorrência das nossas escolhas. Somos os autores do cenário caótico em que nos encontramos, e cabe a nós buscar soluções para reverter, ao menos em parte, os impactos causados.

Mudanças profundas em nossos padrões de consumo, na produção de energia, na agricultura e no planejamento urbano são essenciais para alcançar a sustentabilidade. A colaboração global, a inovação tecnológica e a transformação de valores e comportamentos são ferramentas indispensáveis para essa jornada. Fica a reflexão: estamos preparados para viver de forma sustentável? Deixe nos comentários a sua opinião e sugestão para os próximos textos.

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