No fim da década de 1970, ao entender que a preservação ambiental era assunto que carecia de mais espaço no debate social e político, um grupo de jovens em Passo Fundo percebeu que era necessário alardear a pauta com a mesma força que faz o pássaro conhecido como o ‘sentinela dos pampas’, o Quero-Quero, quando percebe uma ameaça a seu ninho. A alusão à espécie e ao seu zelo com o local onde cria sua prole inspiraram o nome e a atuação ferrenha do GESP, o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas, que completa quatro décadas em 2023. A referência ao ninho se aplica ao nosso planeta, do qual depende a espécie humana, e o cuidado com ele precisa ocupar a agenda pública e política. E é o papel do GESP nesse contexto que foi enaltecido pela Câmara de Vereadores de Passo Fundo em Sessão Solene realizada na noite dessa quarta-feira (18).
A homenagem, aprovada por unanimidade pelo Plenário, foi proposta pela vereadora Eva Valéria Lorenzato (PT), que vê o GESP “como um desses sentinelas” do meio ambiente. Conforme citou, a entidade utiliza de meios como a imprensa, palestras, seminários, oficinas e manutenção de um acervo bibliográfico, com o propósito de fazer alarido e chamar a atenção da comunidade em geral para as questões ecológicas/ambientais.
Em seu discurso na Tribuna, ao defender a pauta ambientalista e sua relação necessária com o desenvolvimento econômico, considerou que “sem natureza e ecologia, não há economia que sustente a vida na terra”. Ao listar uma série de iniciativas do GESP que contribuíram com o crescimento mais sustentável de Passo Fundo, incluindo a construção de legislações municipais, definiu que a entidade tem papel fundamental para a compreensão de como se dá a relação das pessoas com a natureza e para pensar estratégias de redução dos danos. “Obrigado, GESP, pelo trabalho nestes quarenta anos, e vida longa! Que se fortaleça e continue defendendo o meio ambiente e a vida, na nossa cidade, no Estado, Brasil e no mundo”.
Dentre os presentes na Solene, a Mesa oficial foi composta pelo presidente da Câmara, Alberi Grando (MDB), pela presidente do GESP, Flávia Biondo, pelo diretor da entidade, Paulo Cornélio, pelo representante do Executivo, secretário de Transparência e Relações Institucionais, Josué Longo, pelo promotor de Justiça, Paulo Cirne, e o representante do 3° Batalhão Ambiental da Brigada Militar, capitão Leandro de Gois.
Histórico
A oficialização do GESP data de 21 de setembro, Dia da Árvore, de 1983. O surgimento se deu através de uma associação de ideias de dois movimentos: um movimento da comunidade, formado por estudantes secundaristas, comerciários, funcionários públicos, escoteiros, donas de casa, artistas, teatreiros, e outro, de estudantes universitários. Como característica, já à época destacavam-se concepções pacifistas, manifestações ambientalistas e ecológicas e uma atuação essencialmente política.
O GESP é uma organização não governamental ecológica aberta a todas as pessoas, que atua principalmente no recebimento e encaminhamento de denúncias, na proposição de políticas públicas de meio ambiente, sociais e culturais, na educação ambiental e na conservação da natureza. Dentre os projetos já realizados pela entidade estão iniciativas como a campanha “Lixo, problema seu!” e “Rio Passo Fundo-Sociedade e Cidadania”, voltadas à educação ambiental.
Além disso, o GESP tem sido protagonista em campanhas envolvendo a questão hídrica do município, bem como na proposição e implantação de projetos de unidades de conservação ambiental, como, por exemplo, da Reserva Biológica Arlindo Hasse do Parque Natural Municipal Pinheiro Torto. Tem atuado, ainda, com vistas ao apoio substancial ao Ministério Público Estadual, através de denúncias, elaboração de laudos técnicos e relatórios ambientais e na organização de eventos.
Na Sessão Solene que reconheceu essas ações, ao agradecer pela homenagem, a atual presidente da organização, Flavia Biondo, recordou de todos os integrantes que se envolveram desde o início com esse trabalho. “É uma honra estar neste momento como presidente do grupo e por poder homenagear tantos que passaram por ele, lembrando que estamos sempre com muita responsabilidade, atuando por toda a comunidade, para que tenhamos o meio ambiente mais sustentável e justo, para vivermos melhor neste pequeno planeta que estamos”, disse.
Presente na Solene, um dos fundadores do GESP, Paulo Fernando Cornélio, enfatizou a proximidade com o Legislativo e o debate conjunto das pautas ambientais, promovido, por exemplo, por meio de Frentes Parlamentares e da programação da TV Câmara, que transmite o programa Ecologia e Meio Ambiente. “Isso nos traz uma responsabilidade maior, de como passar as informações de forma adequada e clara para a população, para a sensibilização da causa ecológica”, pontuou, frisando que o trabalho do grupo é uma agenda política de transformação. “Agradecemos ao Parlamento Municipal, que representa a nossa sociedade, pela homenagem! São quarenta anos de atividades, de propostas de políticas públicas. Revendo o passado, vemos que tivemos avanços significativos e tenho muito orgulho de fazer parte de uma organização em que homens e mulheres fizeram a diferença. Evidentemente que não fomos os primeiros, pois havia a Sociedade Botânica de Passo Fundo, mas estamos dando sequência a um trabalho já realizado ainda na década de 1970”, rememorou, ao agradecer a vereadora Eva Valéria pela proposição, ao presidente Alberi, como liderança da Casa, e a todos os vereadores.
Homenagem
Para concretizar e perpetuar o momento solene – acompanhado por um Plenário praticamente lotado – o Poder Legislativo de Passo Fundo entregou uma placa em homenagem aos 40 anos do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas – GESP.
Por fim, o presidente da Câmara, Alberi Grando (MDB), parabenizou a vereadora Eva Valéria por dar ênfase ao GESP por meio da Sessão Solene e o grupo por todo o seu histórico. “É uma homenagem justa, pois 40 anos não são pouca coisa, mas o mais importante é todo o trabalho que foi feito nesse período”, resumiu.
Fonte: Comunicação Digital/CMPF