Serão julgados nesta terça-feira (13), o ex-policial militar Luciano Costa dos Santos (Costinha) e sua companheira, Monalisa Kich Anunciação, pelo triplo homicídio de integrantes da mesma família, ocorrido em 19 de maio de 2020, no bairro Cohab 1, em Passo Fundo.
O promotor Fabrício Allegretti ainda destaca que os dois réus respondem pelo homicídio de Diênifer por motivo fútil e emprego de asfixia, além de dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima. Em relação ao cunhado e à sobrinha dela, os acusados respondem pelos dois homicídios por assegurar a impunidade de outro delito, emprego de asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Dr. Luciano Bertolazi Gauer é o juiz designado para o julgamento.
O CASO
A chacina ocorreu quando Diênefer Padia, de 26 anos, seu cunhado, Alessandro dos Santos, de 34, e a filha dele, Ketlin Padia dos Santos, de 15 anos, foram executados por asfixia dentro de uma residência na rua Ernesto Ferron, no Bairro Cohab 1.
A motivação do crime, segundo a Polícia Civil, foi um relacionamento extraconjugal entre Diênefer e seu patrão, Eleandro Roso. Diênefer trabalhava em uma fazenda em Casca e mantinha um relacionamento com Eleandro, que era casado. Durante o relacionamento, Diênefer engravidou. Quando a esposa de Eleandro, Fernanda Rizzotto, descobriu o caso, Diênefer foi expulsa da fazenda e retornou a Passo Fundo. Fernanda só descobriu que o filho de Diênefer era de seu marido após o nascimento da criança.
A Delegacia de Homicídios concluiu que Diênefer começou a receber ameaças em sua casa no Bairro Cruzeiro, incluindo uma boneca mutilada. Eleandro então comprou uma casa no bairro Cohab 1 para que Diênefer e a criança pudessem viver. Entretanto, quando Eleandro começou a ser extorquido, sua esposa Fernanda decidiu que a solução seria eliminar Diênefer.
Eleandro, Fernanda e o irmão dela, Claudiomir Rizzotto, teriam planejado juntos o assassinato e contrataram Costinha para executar o crime. Costinha, que conheceu Claudiomir enquanto trabalhava como segurança em um posto de combustíveis, aceitou a proposta, mas terceirizou o serviço, contratando outros dois homens para realizar o assassinato.
O PLANEJAMENTO DA EXECUÇÃO
Monalisa Kich Anunciação, então companheira de Costinha, teria tido um papel fundamental no planejamento. Ela comprou um celular de Diênefer pela internet, foi até a residência para buscar o aparelho e tirou fotos da casa. Quando Diênefer fez um novo anúncio online, os supostos compradores eram, na verdade, os assassinos. Eles entraram na casa com a intenção de matar Diênefer. Alessandro e sua filha Ketlin foram mortos por estarem no “lugar errado e na hora errada”. Todos foram asfixiados com lacres plásticos, popularmente conhecidos como “enforca gato”.
OS RESPONSÁVEIS PELO CRIME
A polícia indiciou Eleandro, Fernanda Rizzotto, Claudiomir Rizzotto, Luciano Costa dos Santos e Monalisa Kich Anunciação pelo crime, mas os executores contratados nunca foram identificados. Eleandro Roso foi preso em 2020, julgado em novembro de 2022 e condenado a 69 anos e seis meses de prisão, pena que foi reduzida para 60 anos e oito meses após decisão do Tribunal de Justiça do RS.
Luciano Costa dos Santos (Costinha), hoje com 46 anos de idade, está no sistema prisional, e Monalisa, atualmente com 24 anos de idade, não teve prisão decretada e responde ao processo em liberdade.
Os irmãos Claudiomir e Fernanda estão foragidos desde que foram identificados.
O QUE DIZ A DEFESA
“A defesa técnica de Luciano e Monalisa, a cargo do criminalista José Paulo Schneider, afirma que demonstrará em Plenário que existem importantes falhas nas investigações e no processo que foram determinantes para o caso, além de registrar sua inteira confiança no Conselho de Sentença, que, após analisar as provas e os argumentos das partes, certamente chegará a uma justa decisão.
Schneider também reafirma que, passados mais de 4 anos, ainda há dois foragidos e a incerteza quanto à identificação dos dois executores, o que torna extremamente temerosa e preocupante a ideia da Justiça considerar que esse caso esteja devidamente elucidado”.
O QUE DIZ A ASSISTÊNCIA DE ACUSAÇÃO
“A assistência à acusação, como auxiliar do Ministério Público na acusação do processo da Chacina da COHAB, respeitará o pedido ministerial a ser exposto no julgamento na data de hoje. A expectativa é do pedido de condenação pela integralidade da denúncia oferecida, tanto de LUCIANO, quanto de MONALISA, para que sejam condenados pelos três homicídios qualificados a que vem sendo acusados até o momento”, diz o advogado da assistência de acusação, Gustavo da Luz.