Cerca de 55 indígenas, distribuídos em 12 famílias, estão acampados em uma área próxima ao campus do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSUL) na BR-285, em Passo Fundo. A comunidade, liderada pelo Cacique Dorvalino Joaquim, aguarda um avanço nas negociações para a demarcação de terras tradicionais, reivindicando apoio do governo para obter um espaço onde possam viver. O acampamento, montado em condições precárias, foi construído com recursos limitados e visa pressionar o governo a acelerar o processo de análise e aprovação das terras tradicionalmente ocupadas pelo povo Kaingang.
O cacique Dorvalino, falou a reportagem do Grupo Planalto News sobre as demandas de sua comunidade, e destacou a importância de um estudo antropológico sobre a área para a criação de um Grupo de Trabalho (GT) pela FUNAI, visando a qualificação das terras reivindicadas.
“Não queremos todo o estado do Rio Grande do Sul, queremos apenas um espaço para sobreviver, para criar nossos filhos com qualidade de vida”, afirmou o líder, ressaltando que o acampamento não é uma invasão e que a comunidade está comprometida a respeitar a propriedade alheia.
Atualmente, o acampamento enfrenta dificuldades em relação ao abastecimento de água, alimentação e infraestrutura. O Cacique ressaltou que a FUNAI, oferece cestas básicas, mas, segundo Dorvalino, a ajuda não é regular. Ele também destaca que muitos integrantes da comunidade deixaram seus empregos para apoiar o movimento e buscam, agora, alguma assistência emergencial.
Para a comunidade Kaingang, o objetivo central é assegurar que o governo reconheça seu direito à terra e acelere o processo de demarcação, uma questão que, segundo o cacique, tem sido deixada de lado por sucessivos governos. “Se o governo mostrar boa vontade política, as coisas andam”, afirma o líder indígena, sublinhando que a situação precária das comunidades indígenas no Brasil exige medidas efetivas para garantir sua inclusão e dignidade.
A permanência dos indígenas na BR-285 também traz à tona a questão da moradia e da assistência em situações emergenciais. Em meio à espera por uma solução definitiva, o cacique e a comunidade apelam por ajuda de organizações não-governamentais e voluntários para amenizar as condições do acampamento, enquanto o governo federal, através da FUNAI, analisa a viabilidade de uma solução de longo prazo para a demanda territorial.
A situação expõe a complexidade das políticas públicas voltadas para as comunidades indígenas, que reivindicam o cumprimento de direitos constitucionais e históricos. Uma resolução efetiva dependerá, possivelmente, da continuidade das negociações entre os representantes indígenas, o governo federal e instituições responsáveis, buscando uma resposta que possa atender às necessidades dessa e de outras comunidades indígenas no Brasil.