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Cuidar da Casa Comum: missão do ser humano

 

Neste mês de junho, segundo
iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), denominada Campanha Junho Verde, somos motivados a
reiterar o compromisso cidadão de cuidado com a Casa Comum, o lugar, o planeta
onde habitamos.

O termo foi inaugurado pelo
Papa Francisco na Encíclica Laudado Si
lançada em maio de 2015.  Já nos dois
primeiros parágrafos o Pontífice elenca algumas dimensões fundamentais do seu
pensamento quanto a nossa relação com o planeta.

No documento o Papa lembra
que moramos em uma casa que é comum a todos nós, o Planeta Terra. Tomando
emprestada as palavras de São Francisco estende o louvor por tudo o que ela
proporciona ao ser humano: Louvado sejas, meu Senhor pela nossa irmã, a mãe
terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas
e verduras (LS1). Também assevera suas preocupações quanto a nossa casa comum.
Ela está ferida e clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso
irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou (LS 2). A terra está
ferida e o ser humano a feriu e tem ampliado o malefício. Teimosamente uma
parte não reconhece o risco que a terra corre e, consequentemente toda a
humanidade.

O Papa Francisco chama a
atenção para um equívoco cometido ao longo da história e que tem gerado o
processo de depredação do planeta, o fato do ser humano pensar-se como
proprietário e dominador da terra e, com isso, autorizado ao saque e à
depredação segundo seus interesses. O resultado do equívoco é visto no
acentuado processo de destruição planetária. Tal processo ameaça também os grupos
humanos. Francisco escreve que entre os mais pobres, abandonados e maltratados,
conta-se a nossa terra, oprimida e devastada (LS 2).

Contrário à leitura de que o
ser humano está fora do sistema, o Papa afirma que somos terra e nosso corpo é
constituído pelos elementos do planeta: o seu ar permite-nos respirar, e a sua
água vivifica-nos e restaura-nos (LS 2).

Sabiamente a narrativa do
livro do Gênesis traduz este princípio ao afirmar que Deus nos formou a partir
do pó, o modelou e soprou nas narinas um sopro de vida (Gn 2,7). Ao final da
sua trajetória no mundo criado o ser humano retorna de onde veio segundo o
ditado: tu és pó e ao pó voltará.  A
tradição africana também lembra o mesmo princípio e fim do ser humano. Conta
que o criador, para habitar o mundo, tomou um pouco de lama emprestada e fez o
ser humano. Como a lama chorava a perda de uma parte sua, o criador acordou que
quando este ser vivente encerrasse sua jornada lhe seria devolvida aquela parte
da lama tirada. As duas narrativas lembram que somos parte da terra e não
estamos à parte da terra. Somos a ela interligados e com uma responsabilidade
especial também descrita no texto do Gênesis: Deus colocou o homem no Jardim do
Éden para que o cultivasse e guardasse (Gn 2,15). Cultivar e guardar não
compreendem ação destrutiva, sim a preservação.

Sempre é bom lembrar que
estamos morando nessa “casa”, a ela integrados, por um tempo. Fisicamente não
somos eternos. No tempo devido a deixaremos em vista da eternidade. Pergunta-se
como a deixaremos para as gerações que virão depois. A casa comum estará em
condições de ser habitada? As atitudes de cultivar e guardar dizem respeito a
manter as condições de vida no tempo presente e garantir as condições de vida
no tempo futuro, para os que virão depois de nós. Tal atitude é um compromisso
diante do criador que deu ao ser humano esta dádiva; com a mãe e irmã terra (LS
1) que nos acolheu no seu seio e provê nossa sobrevivência; com os irmãos e
irmãs, que merecem viver em um ambiente saudável e equilibrado; com as gerações
futuras, que merecem nascer e se desenvolver em um ambiente bom.

Desde o seu Lançamento em
maio de 2015 a Encíclica Laudato Si
tem provocado profundas reflexões sobre a questão ambiental, que envolve também
questões sociais e humanas, pois ambas estão conectadas. O Papa afirma que a
abordagem ecológica enseja também a abordagem social (cf. LS 49). Um passo a
ser dado é assumir atitudes consistentes em vista do cuidado ambiental.

A Campanha Junho Verde visa
contribuir nas duas dimensões. Assumamos este compromisso pois a melhor forma
de agradecermos a dádiva do mundo criado está no compromisso de cuidar dele.

Pe. Ari Antônio dos Reis

 

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