Grupo Planalto de comunicação

Delegado afirma que adolescente não demonstra arrependimento após ataque a escola no RS Jovem pode ficar internado por apenas três anos, diz delegado

Em entrevista ao Grupo Planalto de Comunicação, o delegado José Roberto Lukaszewigz, da 11ª Região Policial de Erechim, afirmou que o adolescente de 16 anos responsável pelo ataque à Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação, no norte do RS, não demonstra qualquer arrependimento pelo crime cometido. Segundo o delegado, o jovem aparenta sofrer de uma desordem mental grave e não tem consciência do que fez.

— Durante os interrogatórios, ele falava com amigos imaginários. Já sob custódia, chegou a afirmar que conversava com Deus e com o diabo. É um caso completamente isolado, motivado por uma desorientação mental. Não há indícios de premeditação — destacou Lukaszewigz.

O ataque aconteceu na manhã de terça-feira (08) e resultou na morte do menino Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos. Outras três pessoas ficaram feridas: duas meninas de 8 anos e uma professora de 34 anos, que tentou conter o agressor. Ainda conforme o delegado, o adolescente primeiro atacou alunos da turma da 5ª série e, em seguida, foi até a sala da 3ª série. Testemunhas relataram que ele portava um facão, uma faca doméstica, um rojão e um bastão.

Durante o atentado, professoras de outras turmas reagiram com rapidez e conseguiram trancar as portas das salas onde estavam crianças pequenas — uma turma do maternal, com crianças de aproximadamente dois anos, que dormiam no momento do ataque, foram salvas graças a ação rápida das professoras.

A investigação da Polícia Civil agora concentra esforços em descobrir a motivação do crime. O celular do adolescente foi apreendido e está sendo analisado por peritos do Departamento de Informática da corporação em Porto Alegre. Os investigadores tentam identificar se o jovem participava de grupos em redes sociais, se jogava games violentos ou se foi influenciado por conteúdos online. Também está sendo apurado se houve qualquer envolvimento de terceiros no caso.

— Ainda não temos uma motivação clara. Ele mesmo disse que escolheu a escola de forma aleatória. Estamos verificando se havia algum tipo de estímulo externo, como participação em fóruns ou jogos que incitem violência. Tudo está sendo analisado com muito critério — afirmou o delegado.

O adolescente foi internado provisoriamente por determinação da Justiça e permanecerá sob medida socioeducativa por 45 dias iniciais. Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), esse período pode ser estendido, e a internação pode durar até três anos, com reavaliações periódicas por parte do Judiciário.

— É importante deixar claro que, mesmo diante da gravidade do caso, estamos tratando de um menor de idade. O ECA prevê medidas compatíveis com o desenvolvimento do adolescente. A medida socioeducativa mais severa é a internação, e o prazo máximo é de três anos. Após isso, ele não pode continuar internado — explicou Lukaszewigz.

O processo corre em segredo de Justiça, e o estado de saúde mental do jovem ainda está sendo avaliado por especialistas. Ele havia passado por consulta psiquiátrica um dia antes do ataque, mas, até o momento, não há confirmação de que exista relação entre o diagnóstico e a motivação do crime. A família, segundo o delegado, sabia que o adolescente apresentava comportamentos atípicos, mas ele nunca havia demonstrado violência nem possuía antecedentes.

O menino Vitor André Kungel Gambirazi foi sepultado na tarde desta quarta-feira (09), em Getúlio Vargas. A comoção da comunidade e a mobilização das autoridades seguem intensas na tentativa de entender o que levou à tragédia e evitar que episódios como esse se repitam.

Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação

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