Por Dilerman Zanchet
Ontem foi o DIA DO RADIALISTA. A todos os profissionais do rádio, de todos os setores que compõe esse importantíssimo meio de comunicação, o meu abraço. Ser radialista é uma dádiva.
Sidrolândia
A apenas 80 quilômetros de Campo Grande, Sidrolândia desponta como símbolo da força do agronegócio sul-mato-grossense. Com cerca de 50 mil habitantes (IBGE/2022), é uma cidade onde a economia pulsa ao compasso das lavouras e da pecuária, num território em que o campo não conhece descanso.
As médias impressionam: propriedades de 1,5 mil hectares, com produtividade de 60 a 70 sacas de soja por hectare, índice que rivaliza com os melhores do país. Quando as chuvas chegam — não tão frequentes como no Sul, mas suficientes — a terra responde em abundância. Soja, milho, algodão, amendoim e gado de corte sustentam a vocação produtiva local.
Além da força do campo, Sidrolândia é palco de feiras e exposições agropecuárias que movimentam economia e cultura. Tratores e colheitadeiras dividem espaço com os palcos iluminados pelos grandes shows sertanejos. É o agro que se mistura à tradição, o progresso que se encontra com a festa.
O município detém o maior rebanho de animais destinados à produção agropecuária do Estado, com aproximadamente 7,5 milhões de cabeças entre aves, bovinos, suínos, equinos e ovinos (Metropolitana MS).
Na agricultura, a inovação também floresce. A citricultura ganha espaço: já são 130 hectares em produção de laranja, com outros 3 mil hectares em formação — sinal de que Sidrolândia não se limita à soja e ao milho, mas busca diversificação e futuro.
No horizonte da logística, a cidade se projeta em debates sobre o Corredor Bioceânico, projeto que pretende ligar o Brasil ao Pacífico, integrando a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) a outros trechos estratégicos.
Para Sidrolândia, inserida na rota de um agronegócio pujante, isso significa muito: fretes mais baratos, mercados ampliados, novos investimentos e uma ponte direta entre produtor e porto. É a promessa de um futuro em que a geografia se torna aliada da produtividade.
A saga da família Burgel
Foi nesse cenário que, em 1997, a família Burgel chegou. Deixaram Nicolau Vergueiro (RS), os 37 hectares cultivados no Sul e, com coragem, arrendaram 107 hectares no cerrado. O início foi árduo: máquinas alugadas, baixa produtividade, sacrifício diário. Vieram com um automóvel Santana, e um pequeno caminhão transportando a mudança, mesmo sem ter onde se fixar. Mas a persistência venceu.
Na época, a terra era negociada entre 90 e 110 sacas de soja por hectare. Hoje, o valor alcança cerca de 1.100 sacas. A produtividade, no entanto, segue robusta, garantindo colheitas rentáveis de soja, milho e algodão.
Sob a liderança de seu Nelson e o comando de Artur Burgel, o empreendimento cresceu e se diversificou: hoje a família conta com aviação agrícola, transportadora e pecuária. Os irmãos Mateus e Diego dividem o mesmo compasso, reafirmando a herança de ousadia e trabalho.
Na base de tudo, a fé. Dona Salete, católica fervorosa, guia filhos e netos sob a proteção de Nossa Senhora da Abadia, padroeira da matriz local. É a espiritualidade que fortalece os vínculos e dá sentido à jornada.
Ao deixarmos Sidrolândia, levamos conosco não apenas números ou paisagens, mas a lição de que coragem, fé e trabalho são as sementes que transformam cidades em exemplos de desenvolvimento. A história da família Burgel é, ao mesmo tempo, a história de Sidrolândia: uma terra que cresce, preserva suas tradições e aponta, com firmeza, para o futuro.
Obrigado, Família Burgel. Jamais esquecerei a acolhida.