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Eis o meu corpo, eis o meu sangue!

Celebramos nesta quinta-feira a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, memória da presença visível de Cristo na Eucaristia e sinal de unidade eclesial. A Igreja marca sua presença no mundo pela Eucaristia. Assim como os discípulos de Emaús (Lc 24,31), que reconheceram Jesus ao partir o pão, os cristãos católicos reconhecem sua identidade participando da Eucaristia, acolhendo Jesus que se doa no pão e no vinho. A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo tem origem no século XIII, instituída pelo Papa Urbano IV (1262-1264), através da bula “transiturus”, de 11 de Agosto de 1264, para ser celebrada na Quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes (cf. CNBB).
A celebração, que acontece sob ótica da fé, tem um fundamento histórico relatado na Sagrada Escritura. Na véspera da sua prisão, seguida do calvário e crucificação, Jesus reuniu-se com os doze discípulos para celebrar a Páscoa, tradição do povo judeu. Naquela celebração tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu e entregou ao grupo dizendo “tomai, isto é o meu corpo”. Em seguida, tomou o cálice, deu graças, entregou-lhes dizendo: “isto é o meu sangue, sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos” (cf. Mc 14,22-24). Pediu também que fizessem isso em sua memória até a sua vinda definitiva. O apóstolo Paulo retoma este momento em trecho da carta à comunidade de Corinto (1Cor 11,25-26) reiterando a sacralidade e profundidade do gesto de Jesus. A Igreja acolhe este gesto como a instituição da Santa Eucaristia e o pedido feito pelo Filho de Deus é celebrado como memória litúrgica e mistério de fé.
Compreendemos a Eucaristia como um grande gesto de doação de Jesus Cristo, fundado no seu amor por toda a humanidade. Este amor já havia sido expresso de outras formas que abaixo descrevemos, viabilizadas a partir encarnação (Jo 1,1) quando ele veio ao mundo não para condenar, mas para salvar toda a humanidade.
Jesus se doa ao oferecer o Reino de Deus, com o qual se identificava plenamente, como horizonte possível para toda a humanidade, especialmente para os sofredores do seu tempo. E este Reino compreendia uma vida digna e feliz para todas as pessoas sem nenhuma distinção. Tal Reino não esgotava no mundo imanente. Prolongava-se para a eternidade. Ao ser interrogado por Pilatos afirmou que seu Reino não era deste mundo porque implicava em outra realidade não afeita aos poderes do mundo, mas superando-o segundo o desígnio divino.
Jesus se doou também no ensino, ajudando as pessoas a compreenderem o Pai e seu projeto de amor; e também compreenderem-se diante do Pai, como seus filhos e filhas diletos, desconstruindo todo o arcabouço opressor da lei, que tanto sofrimento trazia para o povo. O ensinamento de Jesus chegava ao coração das pessoas e causava-lhes admiração a ponto de se maravilharem com a autoridade com que ensinava (cf Mc 1,22). Por outro lado, Jesus louvava e agradecia ao Pai porque os pobres e humildes estavam entendendo seu ensinamento (Mt 11,26). As parábolas eram uma forma especial de Jesus ensinar. Fazia isso a partir de fatos e experiências da vida cotidiana, sempre desafiando a inteligência e participação das pessoas para compreenderem os compromissos do Reino.
Ele se dou à humanidade através das curas, lembrando que a doença não é maldição divina, mas necessidade de buscar a cura, confiando na misericórdia de Deus. Ao curar as pessoas ia contra o sistema religioso e social da época, que não cuidava dos doentes, mas os excluía e abandonava. Os doentes ou familiares ao verem em Jesus a possibilidade da cura das enfermidades iam à sua procura. Saíam curados e também comprometidos com o discipulado.
Ele se doou deixando o mandamento do amor. Eu dou a vocês um mandamento novo: amem uns aos outros. Assim como como eu amei vocês, que vocês se amem uns aos outros (Jo 13,34). O mandamento do amor era a herança de Jesus, mas também a identidade do discipulado, como ele afirmou: se vocês tiverem amor uns aos outros, todos reconhecerão que são meus discípulos (Jo 13,35).
Por fim, ao final da sua jornada, deixou-nos a grande doação, a Santa Eucaristia feita memória na quinta-feira santa e manifestada publicamente pela Igreja na Solenidade de Corpus Christi. Jesus está presente na hóstia consagrada caminhando com a Igreja e com todos os que aderem a fé cristã.
A Igreja faz referência a este gesto de Jesus, que é a sua grande doação. Manifesta publicamente pela celebração e outros sinais a sua fé na presença real de Jesus. É um ato de fé e agradecimento àquele que fez tudo para nos salvar.
Pe. Ari Antonio dos Reis

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