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Entenda como funciona o processo de transplantes de órgãos no Brasil

Recentemente, o apresentador Fausto Silva apresentou um
quadro grave de insuficiência cardíaca e, pouco depois, foi submetido a um
transplante de coração. A rapidez do processo chamou a atenção do Brasil,
levantou debates e até mesmo dúvidas sobre a rapidez.

Para explicar como funciona o processo de transplante no
Brasil, a Rádio Planalto News ouviu Angélica Kuffel, que é Enfermeira
responsável pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes
do Hospital de Clínicas. Conforme Kuffel, por ser uma pessoa famosa, o caso de
Fausto Silva chama a atenção para que as pessoas procurem saber sobre o
transplante. Acontece que muitas informações erradas acabaram surgindo, como
por exemplo, pagar para furar a fila.

Ela explicou que existe um sistema que é modelo mundial, o
SUS, muito bem estruturado e que atua em todos os transplantes e captações,
independente se o paciente está em um hospital particular ou tem plano de saúde.
Angélica Kuffel salientou que não é correto tratar como fila, mas sim como
lista regionalizada. Se o paciente está no Rio Grande do Sul e surge um órgão em
SP, não será utilizado.

Além da questão geográfica, Angélica Kuffel salienta que existe
a compatibilidade, incluindo o tipo sanguíneo, altura e peso para o caso de
transplante de coração. E no caso de Fausto Silva, o apresentador estava
ocupando um dos primeiros lugares da fila conforme a gravidade, uma vez que os
rins também estão comprometidos. “Ele teve a sorte de surgir um coração compatível”
pontuou.

Toda a captação de órgãos é feita após o diagnóstico de
morte encefálica. Segue um protocolo estipulado pelo SUS para todos os
hospitais, incluindo testes e exames para constatar essa morte. Nesse momento,
é feita a abordagem para a família decidir sobre a doação, se há interesse. No
caso de optar pela doação, segue-se diversos outros exames que alimentam a
equipe regional, com definição de órgãos doados e quais os pacientes serão receptores,
em um processo que pode levar cerca de 12 horas. A família vai sendo informada
a todo momento, que é soberana.

Devido a todo esse processo, Angélica Kuffel grifa que não
há como pagar ou comprar um órgão. As listas estão em sistema nacional e
regional.

Especificamente sobre o transplante de coração, quando o
paciente chega a esse nível, é porque existe muita debilidade na sua saúde. Para
se ter uma ideia, em junho havia 12 pacientes aguardando coração no Rio Grande
do Sul e o encaminhamento deve levar no máximo 4 horas entre retirada, transporte
e implante. Em média, 33% dos pacientes recebem o órgão em até um mês, enquanto
outros não têm esse tempo.

No caso de Passo Fundo, quando há uma captação, existe um
contato com equipe em Porto Alegre, que observa a compatibilidade na lista
regional e designa equipe para deslocamento, ou mesmo deslocar equipe de Passo
Fundo. Tudo dentro das 4 horas.

A decisão de doar ou não é da família e, caso exista a vontade
de ser doadora, a pessoa deve informar aos familiares. São eles os abordados
pela equipe de captação, logo após o óbito.

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