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Entrar na Quaresma

Na quarta-feira de cinzas, com o jejum e com o rito da cinzas, entramos na Quaresma. Entrar nela significa começar um caminho pessoal e comunitário com Jesus rumo à Páscoa. É tempo para renovar a decisão pessoal e comunitária de enfrentar o mal junto com Cristo. É um compromisso de empreender um combate espiritual para enfrentar o mal, seus efeitos, e, sobretudo, as causas do pecado. Entrar na quaresma significa não descarregar sempre o problema do mal sobre os outros, sobre a sociedade, sobre o mundo ou, até, sobre Deus, mas reconhecer as próprias responsabilidades e assumi-las com humildade.
Entrar na quaresma é fazer o caminho da cruz. É assumir a cruz, como Jesus, e segui-lo com humildade e confiança. É o único caminho que leva à vitória do amor sobre o ódio, da partilha sobre o egoísmo, da paz sobre a violência, da fraternidade sobre a fome. A quaresma é verdadeiramente um caminho, uma ocasião de grande empenho espiritual. É ouvir a voz de Deus, mais que a voz dos ídolos. É reafirmar o seguimento do caminho da fidelidade a Deus.
No início do percurso quaresmal a Palavra de Deus (Gênesis 2,7-9;3,1-7; Salmo 50, Romanos 5,12-19 e Mateus 4,1-11) proposta na liturgia tem por objetivo colocar o homem diante de Deus, de si mesmo e do outro. Nestas relações aparecem tentações porque o homem é livre. As decisões livres estão na raiz da nossa história humana. Elas manifestam a sua grandeza e a sua fragilidade. Também o cristão sempre está no limite entre o bem e o mal, entre a escolha que leva à vida e aquela que leva à morte, entre aquela que aproxima de Deus e do próximo ou distancia deles.
As tentações sofridas por Adão e Eva, que representam todos os humanos, e aquelas sofridas por Cristo se apresentam de várias formas. Elas podem ser reduzidas a uma tentação fundamental: distanciar-se de Deus e construir uma existência própria, independente de Deus. É a tentação apresentada no Gênesis “sereis como Deus conhecendo o bem e o mal”.
O livro do Gênesis responde a três perguntas fundamentais sobre as relações com Deus (fé e a teologia), com a matéria (o trabalho e a ciência) e com os semelhantes (a sociedade). São respostas dadas na ótica da fé e não de acordo com as ciências naturais de hoje. O texto deste domingo procura responder de “como entrou o mal no mundo?” A tentação falsifica totalmente quem é Deus. O Deus próximo e criador passa a ser um inimigo, um opressor. A presença de Deus se tornou incômoda.
Jesus Cristo, que assumiu verdadeiramente a natureza humana, no início do ministério também é tentado três vezes. Jesus não se deixa enganar pela voz do tentador e responde a cada provocação. A “tentação do pão” se resolve na adesão à Palavra de Deus; a “tentação do Templo” se resolve rejeitando uma falsa religiosidade e a “tentação do poder” se resolve em adorar a Deus.
“A vida é uma contínua aventura, uma olimpíada de superação e de afirmação. Como o pássaro alça voo, assim o homem nasce da prova e da luta. Enquanto somos peregrinos sobre a terra, deveremos decidir cada dia por escolhas imediatas, nas alternativas entre o bem e o mal. E isto não é negativo, antes, forma a dignidade de cada homem, que mede a si mesmo e prova o grau de amor pela Palavra, expressão da vontade divina: “Admitir de sermos tentados é admitir que somos humanos” (Mauro Orsatti). Não podemos nos iludir que não seremos tentados e colocados à prova. Sairemos vitoriosos na medida em que estivermos unidos a Cristo e conduzidos pelo Espírito Santo.
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