Instituição foi a única do RS no Programa de Gerenciamento de Antimicrobianos do Hospital Pequeno Príncipe.
O São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, foi um dos dez hospitais do país e o único do Estado a participar do Programa Nacional de Gerenciamento de Antimicrobianos (Stewardship) do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, no Paraná. Durante um ano, os profissionais do HSVP puderam aprender novas técnicas sobre o uso eficiente desses medicamentos. Agora, resultados como a assertividade na escolha dos antibióticos, a redução de efeitos adversos e a diminuição dos custos já são observados nas UTIs Pediátrica e Neonatal.
A troca de conhecimento entre as Instituições possibilitou importantes mudanças na rotina hospitalar, entre elas, a criação do próprio “Time de Stewardship” do Hospital São Vicente de Paulo. Antes, o gerenciamento de antimicrobianos era centralizado pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e, hoje, ele é feito em conjunto com a Farmácia Clínica, o Laboratório, a Tecnologia da Informação e com a equipe médica das Unidades de Terapia Intensiva, proporcionando uma melhora significativa na assistência dos pacientes.
A farmacêutica Tainara Hackenhaar conta que o hospital paranaense fez um diagnóstico e elaborou um plano de ação com estratégias para aproximação das equipes envolvidas, criação de novos indicadores em pediatria e, ainda, propôs mudanças na rotina do laboratório de microbiologia. “Com o andamento do projeto tivemos a oportunidade de participar de várias aulas e mentorias relacionadas a antibioticoterapia e a microbiologia, ministradas pela equipe de Curitiba. Foram trocas de experiências muito ricas, que contribuíram positivamente com a formação da equipe em relação ao gerenciamento de antimicrobianos”, destacou a integrante do SCIH.
O médico Gilberto Barbosa, coordenador do SCIH do HSVP, entende que o treinamento dos profissionais pelo Pequeno Príncipe é um marco para o programa de controle de antimicrobianos, que já era bastante evoluído, agregando técnicas inovadoras e posicionando o Hospital de Passo Fundo como referência nesta área. “Através do registro padronizado das intervenções relacionadas a antimicrobianos pudemos direcionar as nossas ações para problemas mais relevantes de acordo com cada setor. Todas essas mudanças, além de contribuírem para o uso racional de medicamentos, levam a uma redução de custos hospitalares e a uma melhor qualidade assistencial para os nossos pacientes”, afirmou o Dr. Gilberto.
PROGRAMA NACIONAL DE STEWARDSHIP DE ANTIMICROBIANOS
A participação do Hospital São Vicente no Programa Stewardship de Antimicrobianos vai ao encontro das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) que coloca a resistência das bactérias aos antibióticos como uma das maiores ameaças à saúde mundial. De acordo com o coordenador do SCIH, a ocorrência dessas bactérias está relacionada ao uso inadequado dos antibióticos. “Conforme estimativas de um estudo de pesquisadores ingleses, se não forem adotadas mudanças em nível mundial, a resistência aos antibióticos poderá causar a morte de 10 milhões de pessoas por ano a partir de 2050”, alertou o médico Gilberto Barbosa.
O vice-diretor de Qualidade e Pesquisa Clínica e coordenador do Programa de Stewardship de Antimicrobianos do Hospital Pequeno Príncipe, Dr. Fabio de Araujo Motta, disse que o tema precisa ser encarado como um problema de saúde pública, pois dados da OMS já mostram um grande número de óbitos relacionados à taxa de resistência aos antimicrobianos. “Ajudar a promover um processo de melhoria do uso de antibióticos é algo de grande impacto nacional. Felizmente, conseguimos o apoio necessário para colocar em prática este projeto, que agora teve o HSVP como participante, mas que já soma 15 hospitais em todo o Brasil envolvidos nesta nova metodologia”, destacou o especialista. A iniciativa conta com subsídio financeiro da companhia farmacêutica Pfizer, por meio de uma linha que apoia projetos independentes de melhoria de qualidade hospitalar.
No total 70 casas de saúde se inscreveram no programa do Hospital Pequeno Príncipe – desenvolvido desde 2013 pela instituição – mas o HSVP foi o único do Rio Grande do Sul selecionado para participar e por isso se destaca como referência estadual no gerenciamento de antimicrobianos. Os critérios para a escolha levaram em consideração a importância e o tamanho da instituição, a localização estratégica e o número de leitos destinados para UTIs pediátrica e neonatal. Após o Stewardship, o HSVP iniciou a padronização do processo e a análise de farmacoeconomia das intervenções. O próximo passo dos profissionais é visualizar os impactos econômicos e clínicos das novas mudanças.
O Dr. Fabio de Araujo Motta entende que a participação do HSVP no programa do Hospital Pequeno Príncipe foi excepcional, pois houve uma comprovação da qualidade técnica do grupo e da capacidade de trabalho multidisciplinar. “Foi muito importante para o sucesso desse projeto conseguir agregar as diferentes disciplinas e áreas envolvidas das unidades de terapia intensiva. O São Vicente de Paulo atingiu este objetivo e foi um dos grandes destaques pelos resultados produzidos em relação ao controle dos antimicrobianos e na questão farmacoeconômica. Por isso, quero parabenizar a liderança do Dr. Gilberto Barbosa e o protagonismo da Farmácia Clínica e do Laboratório de Microbiologia que tiveram papéis fundamentais para o sucesso desta iniciativa que influencia todo o entorno do hospital, com efeitos na saúde, no meio ambiente e na vida da comunidade”, afirmou o Dr. Fabio de Araujo Motta.
Créditos: Ana Paula Koenemann – Comunicação HSVP Passo Fundo
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