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Imagens da Ressurreição

Estamos vivenciando o tempo litúrgico da Páscoa marcado pela espiritualidade da Ressurreição do Senhor. A Páscoa não é a simples recordação de um evento passado. É o encontro real com o Senhor da vida e da história. É, portanto, a certeza de que o Cristo vive e de que estamos vivos nele (Dom Giovanni Crippa, Igreja em Oração).
É importante que compreendamos este fato, lido sob a luz da fé, ligado ao que aconteceu com Jesus nos dias posteriores a sua entrada na cidade de Jerusalém (Mt 21, 1-11) especialmente a crucificação do Filho de Deus. A Cruz e Ressurreição são consequência de uma vida toda marcada pelo amor. Tal amor extrapolou o espaço temporal entre a Galileia e Jerusalém.
A partir desse recorte é possível refletir o fato da Ressurreição fazendo uso de imagens. E as imagens permitem mergulhar com decisão no mistério que foi a vida, morte e Ressurreição de Jesus, o Filho de Deus.
A primeira imagem foi celebrada na sexta-feira santa, o dia da paixão. Das tantas imagens da via-sacra destacamos aquela na qual está Jesus morrendo crucificado e aos pés da cruz estão algumas mulheres (Jo 20,25). Elas foram as discípulas relatadas pelo evangelista Lucas que o acompanhavam no seu itinerário missionário (Lc 8,1-3). Também corajosamente acompanharam Jesus durante todo o calvário. Elas gostavam de estar perto de Jesus, certamente porque nunca tinham sido tão bem acolhidas, compreendidas e amadas por alguém como foram por ele.  Foram fiéis até o fim e permaneceram com Jesus, mesmo correndo riscos, no seu momento derradeiro quando boa parte do grupo masculino tinha desertado (Mc 15, 40-41). O acento dessa imagem é a dor e o sofrimento compartilhado. A dor e o sofrimento de Jesus que morria na cruz e a dor e o sofrimento das mulheres que viam seu Mestre perecer sem que pudessem fazer nada para ajudar. Parecia que o projeto havia fracassado. Na cruz estava a morte e o aparente fim de um vigoroso projeto, o Reino de Deus anunciado desde a Galileia (Mc 1,15).
A segunda imagem surge nos dias pós ressurreição. Espalhou-se a falsa notícia de que o corpo de Jesus não estava mais no túmulo (Mt 28, 12-13). Alguma coisa tinha acontecido e os discípulos ainda não compreendera o alcance dos fatos. As mulheres, seguidores de Jesus, foram informadas de que Ele não estava no túmulo. Havia ressuscitado (Mt 28, 6) e elas deveriam informar o fato aos demais discípulos (Mt 28,7). No caminho as mulheres encontram-se com Jesus ressuscitado. Elas foram ao encontro de alguém morto e deparam-se com o ressuscitado (Mt 28,9). Jesus deu a elas duas tarefas. A primeira, noticiar a ressurreição. A segunda, pedir aos demais discípulos para encontrarem-se com Ele na Galileia (Mt 28, 10). Na Galileia os discípulos também veriam Jesus ressuscitado. A primeira imagem foi marcada pela dor. A segunda imagem é marcada pela alegria. Algo de novo estava acontecendo. As mulheres, discípulas que foram fiéis até o fim, são as portadoras dessa grande notícia.
A terceira imagem decorre da segunda. Jesus pediu às mulheres, além de noticiarem a ressurreição, que dissessem aos discípulos para encontrarem-se com Ele na Galileia, onde começara a missão (Mc 1,15; Mt 4, 12-26). O retorno à Galileia significa o reencontro com os fundamentos da vocação e da missão, sobretudo para os discípulos que se dispersaram na crucificação. Eles precisavam se reencontrar com Jesus e se reencantarem com o seu Evangelho e se reencantarem também com sua vocação. Era a experiência da Ressurreição. Refazer os passos de Jesus e por isso voltar a Galileia. Ainda pairavam dúvidas no grupo (Mt 28,17). Compreende-se tais dúvidas. O processo era exigente.  O enfrentamento da cruz ainda estava na memória de muitos.  O ressuscitado enviou o grupo em missão, como descreve Mateus: “toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei. Eis que estou convosco, todos dos dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20). Eles deveriam se convencer da ressurreição de Jesus e anunciá-lo para o mundo. Estavam sendo convocados para um novo caminhar, este feito a partir do testemunho sobre o ressuscitado. Sem a fé no ressuscitado não sairiam da Galileia. Ficariam presos ao fato doloroso da crucificação.
Sugere-se também uma quarta imagem a partir do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2, 36-41). Pedro, que havia negado Jesus três vezes e que não estava aos pés da cruz, foi provocado a mergulhar na realidade da ressurreição. Ele acreditou no ressuscitado. Sob a força do Espírito Santo testemunhou a proposta de Jesus e convidou os judeus a se converterem. Quem fala aos judeus não é mais o homem claudicante como discípulo, mas alguém convencido da validade do projeto pelo encontro com o ressuscitado.
As imagens partilhadas sugerem um caminho aos cristãos de hoje. Não ficar presos à cruz. Ela esteve no caminho de Jesus por causa das suas opções. Todavia Ele venceu a cruz.  É necessário fazer o esforço em encontrar-se com ressuscitado. A fé cristã é professada no crucificado-ressuscitado. Deste encontro vem o terceiro passo, testemunhá-lo. O testemunho dar-se-á nas “galileias da vida”, realidade dos nossos dias, marcadas por tantos sinais de morte, mas também por tantos sinais de Ressurreição. Estes são os lugares da missão dos cristãos.
Pe. Ari Antonio dos Reis
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