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IX Mesa Migrações: estudo do Livro de Rute e o protagonismo das mulheres A Mesa Migrações é um Programa da Pastoral Arquidiocesana das Migrações de Passo Fundo

Créditos: Divulgação

A Mesa Migrações é um evento que busca refletir sobre aspectos da realidade migratória no Brasil e no mundo, mas, também, dar ênfase ao âmbito regional; é um espaço de reflexão sobre o tema e intercâmbio com imigrantes. A Mesa Migrações é um Programa da Pastoral Arquidiocesana das Migrações de Passo Fundo em parceria com a Pastoral do Migrante da Diocese de Palmas e Francisco Beltrão – PR e da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – Itepa Faculdades – de Passo Fundo, RS. Este ano o evento chegou a sua nona edição.

A IX Mesa Migrações teve duas sessões que realizaram análises sobre as dificuldades e superações que envolvem o ato de emigrar, de sair de seu país, de enfrentar o novo em múltiplas dimensões; foi dada centralidade às superações, aos desafios enfrentados por mulheres imigrantes. As narrativas de mulheres imigrantes, que participaram com fragmentos de suas histórias migratórias, também deram ênfase às superações frente ao mundo do trabalho, ao acometimento de problemas de saúde, aos preconceitos existentes nos espaços de destino sobre imigrantes e, em particular, de determinados países, do fato de serem mulheres imigrantes, dentre outros aspectos.

Rute: o protagonismo de mulheres migrantes

Um ponto alto da Mesa das Migrações foi a reflexão feita pelo professor da Itepa Faculdades, Pe. Nelson Isidoro Tonello, sobre o livro de Rute. O professor Pe. Nelson situou o conteúdo do referido livro no tempo, no espaço, explicando os significados dos nomes e a centralidade das mulheres que compõem a narrativa, em particular, as relacionalidades envolvendo as duas protagonistas centrais, Noemi e Rute. Ele comentou que “Rute” é um livro sapiencial e uma “novela” que trata da presença ativa de mulheres. Reflete em muito o protagonismo de mulheres empobrecidas, de imigrantes que buscam lutar pela sobrevivência e uma vida melhor, por um pedaço de terra, pelo alimento (pão), pela recomposição de suas famílias; mulheres que optam pela solidariedade, a organização popular, a luta por direitos consuetudinários (de sua tradição familiar, herança e dádivas). É uma narrativa que revela uma dimensão de resistência ativa de empobrecidos.

Cresce o número de mulheres migrantes

Segundo João Carlos Tedesco, professor da Universidade de Passo Fundo, pesquisador de processos migratórios e membro da Pastoral das Migrações da Arquidiocese de Passo Fundo, “a reflexão que o padre Nelson fez, bem como a Irmã Maria do Carmo e as imigrantes nos permite correlacionar alguns aspectos da imigração atual tendo as mulheres como sujeitos centrais. Em primeiro lugar, a imigração já não é mais automaticamente identificada como masculina. As estatísticas demonstram que mulheres já estão em paridade com os homens, inclusive para algumas nacionalidades elas são a maioria; mulheres tomam iniciativa, redimensionam sua dinâmica familiar e emigram, como foi o caso das imigrantes de Cuba, Guiné-Bissau e da Venezuela, que participaram do evento; desafiam-se em espaços de trabalhos novos, alguns com características masculinas, como foi o caso da Yucary (cubana) no setor da construção civil; lançam mão de estratégias, como fizerem Noemi e Rute, para garantir o sustento para a família; a dimensão moral desta está em primeiro lugar, por isso a importância da sua recomposição no espaço de destino; a idealização do retorno, como fez Noemi para recompor processos familiares e da tradição, esteve presente nas narrativas de todas as mulheres. O espaço de origem é o da sua referência, de suas raízes, de sua família, de sua identificação. A análise do livro de Rute e os depoimentos de imigrantes revelam que há necessidade de percepção mais ampla do fenômeno migratório atual tendo as mulheres ampliado em muito seu protagonismo e centralidade”. Professor Tedesco conclui dizendo: “estão de parabéns as entidades que a promoveram e exteriorizamos a gratidão pelos que participaram e a prestigiaram. Esperamos dar sequência em 2025”;

A primeira sessão da Mesa Migrações aconteceu dia 20 de agosto e a segundo dia 10 de setembro, tendo por lema “Migração: semente de um mundo novo” e por tema “Mulheres imigrantes”. O evento teve a participação de especialistas no tema, bem como de imigrantes. A primeira sessão teve a participação da pesquisadora e religiosa Maria do Carmo MSCS e da imigrante de Guiné-Bissau, Fidelia L. Almeida. Na segunda sessão de Yukary G. Miranda (imigrante de Cuba) e Karla A. F. Abreu (imigrante da Venezuela), bem como a conferência do Professor Pe. Nelson Tonello.

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