João Simões Lopes Neto nasceu em Pelotas, em 9 de março de 1865, e se tornou o maior nome da literatura regionalista do Rio Grande do Sul. Filho de uma tradicional família pelotense, tinha ascendência portuguesa e cresceu em meio às riquezas das charqueadas da região. Desde jovem, demonstrou interesse pelo mundo das letras, mas sua trajetória profissional também incluiu diversos empreendimentos empresariais.
Aos treze anos, foi enviado ao Rio de Janeiro para estudar no renomado Colégio Abílio. De volta ao Rio Grande do Sul, fixou-se em Pelotas, onde começou a escrever em jornais locais, como A Pátria, Diário Popular e Correio Mercantil, tornando-se um importante cronista da sociedade pelotense. Foi nesse período que lançou Balas de Estalo, uma série de comentários satíricos em versos sobre a vida na cidade.
Além da literatura, sua vida foi marcada pelo empreendedorismo. Investiu em uma fábrica de vidros, uma destilaria, uma mineradora e até mesmo na produção de fumos e cigarros, cuja marca “Diabo” gerou polêmica e originou a expressão “marca-diabo”, ainda utilizada no linguajar gaúcho. Apesar da audácia, muitos de seus negócios fracassaram, levando-o a dificuldades financeiras.
Simões Lopes Neto casou-se em 1892 com Francisca de Paula Meireles Leite, mas o casal não teve filhos. No ano seguinte, durante a Revolução Federalista, alistou-se no 3º Batalhão da Guarda Nacional. Sua produção literária se intensificou nos anos seguintes, com a publicação de obras como A Mandinga (1893), um poema em prosa publicado em folhetins, além de peças teatrais sob o pseudônimo “Serafim Bemol”, como O Boato, Os Bacharéis e A Viúva Pitorra.
Já na década de 1910, empobrecido e enfrentando problemas de saúde, dedicou-se integralmente à escrita. Trabalhou como redator em jornais e publicou seus livros mais importantes: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Casos do Romualdo (1914). Seu estilo inovador e a valorização da identidade gaúcha fizeram dessas obras referências fundamentais da literatura brasileira.
Mesmo com uma carreira produtiva, João Simões Lopes Neto faleceu em 14 de junho de 1916, vítima de uma úlcera duodenal, sem ter conhecido a glória literária. Seu reconhecimento veio décadas depois, especialmente com a edição crítica de Contos Gauchescos e Lendas do Sul, organizada por Augusto Meyer e lançada em 1949 com o apoio de Érico Veríssimo e do editor Henrique Bertaso.
Póstuma, sua obra continuou a ser revisitada e publicada. Em 1955, a Editora Sulina lançou Terra Gaúcha, um volume inacabado com a “História Elementar do Rio Grande do Sul”. Em 2003, a mesma editora reuniu sua obra completa em um único volume, organizado por Paulo Bentancur e ilustrado por Enio Squeff.
Atualmente, João Simões Lopes Neto é considerado o maior escritor regionalista do Rio Grande do Sul e um dos nomes mais importantes da literatura brasileira, eternizando as tradições e o imaginário do povo gaúcho.