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Maria: inspiração do povo caminhante

O dia 12 de outubro é uma data significativa para boa parte dos brasileiros. Celebra-se a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, declarada Padroeira do Brasil pelo Papa Pio XI em 16 de julho de 1930. A trajetória significativa reporta ao ano de 1717, quando três pescadores encontraram uma imagem fragmentada no Rio Paraíba, primeiro o corpo e depois a cabeça. Levaram a imagem para casa de um deles, onde ficou por um tempo. Ela foi morar na casa dos pescadores, depois em um oratório, posteriormente em um espaço maior. Com o correr do tempo passou a morar no coração dos brasileiros que têm pela Mãe Aparecida grande devoção.
As aparições são formas que Maria encontra para estar presente na vida da humanidade, especialmente em momentos de grande dificuldade. Assim fez em Lourdes (França), Guadalupe (México), Fátima (Portugal) e em tantos outros lugares. Foi o caminho missionário que a Mãe de Jesus escolheu para se fazer presente junto aos homens e mulheres. No Brasil ela se fez encontrar no leito do rio Paraíba para, a partir do encontro, ir marcando sua presença nestas terras, naquele tempo sombreadas pelo flagelo da escravidão e de grande desigualdade social.  Maria visita sua gente. Estabelece com eles os laços de afeto materno. Como uma boa mãe aponta aquilo que não é condizente com o plano de Deus. Também não deixa de apontar caminhos. Ela visita para fazer o bem e e indicar o caminho do bem.
Normalmente a devoção mariana é caracterizada pelas romarias, pelo caminhar orante, marcado por cânticos ou então o andar silencioso. Pode ser grupal, familiar, ou então individualmente, jamais na solidão, pois a caminhada feita com fé conta com a presença da mãe.   Caminhar é importante. É necessário para o romeiro. Por mais difícil e exigente que seja o percurso ele se coloca a caminho com Maria. Um certo esforço e ascese faz parte do processo caminhante.
O evangelho de Lucas (Lc 1, 39-56), que retrata a visita de Maria a sua prima Isabel, acentua alguns aspectos que são iluminadores da caminhada de fé dos cristãos, constantes nas tantas romarias. Na visita feita à Isabel, Maria caminhou; rezou; serviu a prima; voltou para casa transformada, outra mulher.
Lucas narra que, depois da visita do anjo Gabriel, Maria dirigiu-se apressadamente para a casa de sua prima Isabel. Foram companheiras de Maria no caminho, além das outras pessoas ligadas a uma caravana, a alegria pela escolha, mas também a dúvida e a insegurança diante da missão. A jovem de Nazaré fora feita protagonista de um grande projeto e esta responsabilidade lhe pesava. Seria possível dar conta do “sim” dado ao anjo? Como seria o seu futuro? E o seu casamento?  No caminho carregava esses questionamentos. A caminhada do povo de fé também é marcada pelas dimensões importantes em suas vidas. No caminho, os romeiros, levam suas preocupações, alegrias, louvores, oferecimentos. Caminham com Maria e entregam tudo à Padroeira. A fé indica que ela há de os ajudar e interceder nas preces. Maria caminhou até a casa de Isabel. O povo caminha com ela e lhe entrega como partilha o que considera importante, a sua vida e contingências.
Uma segunda dimensão da visita de Maria a Isabel, relatada por Lucas, foi a oração. Depois de ser acolhida e saudada por Isabel com bem-aventurada e mãe do Salvador, Maria aliviada pela certeza da missão confirmada pelas palavras da prima, pôs-se a rezar (Lc 1, 46-55). Rezou agradecendo pelo Senhor ter olhado para ela e para seu povo. No seu bem querer, permitiu que fosse reconhecida por todas as gerações. Tem feito grandes coisas por ela e sua misericórdia é para sempre. Age com justiça em vista do bem de todos, sobretudo os humildes. Está presente na história do seu povo. Maria rezou a Deus. Esta dimensão do encontro de Maria com Isabel está presente de uma forma muito viva junto aos devotos. Junto ao caminhar está a oração. Não hesitam em confiar à mãe as suas necessidades e preocupações pela prece oferecida. Confiam plenamente na mãe do salvador e, pela oração, reiteram essa confiança, porque ela é importante em suas vidas. Através da oração se revestem de coragem e esperança, porque sabem que não estão sozinhos diante das dificuldades da vida. A intercessora está com eles e os coloca junto do Pai.
Lucas acrescenta outra ação de Maria: ficou com Isabel cerca de três meses (Lc 1,56). É possível que tenha ficado cuidando da prima, que já era idosa. Ficou com Isabel para servi-la. É uma dimensão importante do agir de Maria, tornada posteriormente mandado aos discípulos pelo seu Filho (Jo 13, 14). Esta dimensão é desafiadora. A fé do cristão se fortalece no serviço, no espírito samaritano (Lc 10,25-36), Maria inspira esse compromisso nos seus devotos. A atitude de caminhar e rezar leva a pessoa ao encontro da mãe e do redentor. A atitude de serviço leva a pessoa ao encontro do seu irmão, especialmente o mais necessitado. Servir é ato de fé e compromisso com o outro e com o Reino anunciado pelo Filho de Maria.
O texto termina afirmando que Maria voltou para casa (Lc 1,56). Não voltou a mesma. Aquela mulher que colocou o pé na estrada com alegria por ter sido escolhida, mas temerosa pelas consequências do sim, voltou para casa diferente, transformada. A experiência vivida foi profunda.
Que cada experiência de caminhar com Maria transforme os romeiros. Que voltem para casa transformados pelo amor da mãe e comprometidos em irradiar esse amor.
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