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Milonga Abaixo de Mau Tempo: a história por trás da música considerada um dos “hinos” do Rio Grande do Sul A canção de Mauro Moraes ficou eternizada na voz de José Cláudio Machado e se tornou um dos grandes hinos do nativismo gaúcho

Foto: reprodução AGROemDIA

A música Milonga Abaixo de Mau Tempo é um dos maiores clássicos do cancioneiro gaúcho. Com versos e melodia de Mauro Moraes, a canção ganhou o mundo na voz marcante de José Cláudio Machado. O que muitos não sabem é que essa obra nasceu de uma conversa entre os dois amigos, na qual José Cláudio relatava as dificuldades da vida de tropeiro em tempos de chuva.

José Cláudio Machado conhecia bem essa realidade. Antes de se tornar um dos grandes intérpretes da música nativista, trabalhou como tropeiro, conduzindo tropas pelo Rio Grande do Sul. Em uma dessas conversas com Mauro Moraes, o cantor descreveu como lidavam com o gado durante as tempestades e, principalmente, como a saudade de casa pesava nos momentos mais difíceis.

Foi a partir desse relato que Mauro Moraes compôs a milonga. Ele, que costuma criar primeiro a melodia e depois os versos, lembra que enquanto dedilhava os primeiros acordes, sua mãe observava atentamente e lhe disse: “Essa será uma canção muito bonita.” E estava certa.

Quando apresentou a música ao amigo, o impacto foi imediato. Ao terminar de tocar, José Cláudio Machado, emocionado, respondeu:

— Tu tens noção do que fizeste?

— Fiz uma canção para ti — respondeu Mauro, sem imaginar o impacto da obra.

— Não. Tu fizeste um clássico — afirmou José Cláudio.

A primeira apresentação da música ocorreu na VII Moenda da Canção, em Santo Antônio da Patrulha, no ano de 1993, mas curiosamente não foi premiada no festival. Dois anos depois, em 1995, José Cláudio Machado incluiu a canção no álbum Entre Amigos. Em 2001, a gravou novamente no disco De Bota e Bombacha, em parceria com Luiz Marenco, e em 2009 regravou ao vivo na Vacaria.

A letra de Milonga Abaixo de Mau Tempo retrata com poesia o cotidiano árduo dos tropeiros, lidando com os desafios impostos pelo clima e a saudade da família. As imagens descritas nos versos, como o olhar do gado atravessando o rio e a luta contra as enchentes, transportam o ouvinte para dentro do cenário narrado.

Além de José Cláudio Machado, diversos artistas interpretaram a música ao longo dos anos. No Spotify, é possível encontrar mais de 20 versões. Mauro Moraes, que também gravou sua criação, sempre diz que, apesar de ser o compositor, a alma da música pertence a José Cláudio Machado.

Em 2025, Milonga Abaixo de Mau Tempo completa 30 anos desde sua primeira apresentação na VII Moenda da Canção. Mesmo após três décadas, a música segue emocionando gerações e reafirmando sua importância no nativismo gaúcho. A canção se mantém viva, interpretada por diversos artistas e reconhecida como um dos grandes clássicos do cancioneiro gaúcho.

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