Segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial, divulgado pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE), as mulheres brasileiras continuam a enfrentar uma disparidade significativa em relação aos salários dos homens. Em 2024, a diferença salarial média entre os gêneros foi de 20,9% em mais de 53 mil estabelecimentos com 100 ou mais funcionários, mantendo-se praticamente estável em comparação ao ano anterior, quando era de 20,7%.
Os dados revelam que, em média, os homens recebem R$ 4.745,53, enquanto as mulheres ganham R$ 3.755,01. A discrepância é ainda mais acentuada para mulheres negras, cuja remuneração média é de R$ 2.864,39, representando uma diferença de 52,5% em relação aos homens não negros.
Nos cargos de alta gestão, como diretoras e gerentes, a disparidade salarial atinge 26,8%, aumentando para 31,5% quando comparadas mulheres com diploma de nível superior aos homens com o mesmo nível educacional.
A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, destacou que mudanças estruturais são necessárias para combater essa desigualdade persistente. Ela enfatizou a importância de maior inclusão das mulheres no mercado de trabalho e de políticas que assegurem salários mais equitativos, argumentando que empresas se beneficiariam ao ter mais mulheres em seus quadros com remunerações justas.
Embora alguns estados, como Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e o Distrito Federal, apresentem menores desigualdades salariais, o relatório ressalta que a disparidade permanece um desafio nacional. A pesquisa também apontou um aumento na participação das mulheres negras no mercado de trabalho, apesar das persistentes diferenças salariais.
No período de 2015 a 2024, a participação das mulheres na massa de rendimentos do trabalho variou de 35,7% para 37,4%, refletindo um aumento na presença feminina, porém sem impacto significativo na estabilidade dos rendimentos, devido às diferenças salariais existentes.
Em termos econômicos, o relatório indicou que a equiparação salarial poderia ter injetado R$ 95 bilhões adicionais na economia em 2024, caso as mulheres recebessem o mesmo que os homens em ocupações equivalentes. A análise reforça a necessidade urgente de medidas para promover igualdade salarial e oportunidades equitativas para as mulheres no mercado de trabalho brasileiro.