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Novembro Azul: estudo propõe inserir novo exame de rastreio em campanhas de saúde

Análise de ferritina e índice de saturação da transferrina indicam a presença da hemocromatose hereditária, doença genética caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro no corpo; pesquisa é desenvolvida pela UPF, em parceria com outras instituições

Um estudo realizado pela Universidade de Passo Fundo (UPF), em parceria com o serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, propõe introduzir exames de rastreio da hemocromatose hereditária (HH) em campanhas de saúde, como o Novembro Azul. A doença genética é caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro no corpo e acomete, principalmente, os homens após os 40 anos.

A pesquisa é coordenada pela médica hematologista e hemoterapeuta e professora da Escola de Medicina da UPF, Me. Cristiane Rodrigues do Araújo. “A ideia neste ano é incentivar os médicos a incluírem o rastreio da hemocromatose na rotina de exames de seus pacientes. Essa é uma forma de prevenção e cuidado com a saúde e que se rastreada a doença, a pessoa poderá iniciar o cuidado o mais breve possível”, explica a professora.

Os exames de ferritina e Índice de Saturação da Transferrina (IST) para analisar o ferro são realizados por meio de coleta de sangue como outros exames de rotina. Para a confirmação da doença é necessário um estudo genético específico que também é realizado com amostra de sangue periférico. Segundo a professora, o custo para o rastreio da hemocromatose é menor quando comparado com o custo para o tratamento das complicações por excesso de ferro.

Diagnóstico precoce pode impedir a progressão da doença

As manifestações clínicas da doença podem incluir sintomas constitucionais, distúrbios hepáticos, cardiomiopatia, diabetes, disfunção erétil e artropatia. Cristiane afirma que o diagnóstico precoce da hemocromatose é capaz de prevenir o aparecimento de complicações em órgãos vitais e, mesmo nos pacientes com algum grau de comprometimento, pode haver reversão ou impedimento da progressão da doença. “O tratamento é realizado por meio de sangrias terapêuticas seriadas. As flebotomias (técnica utilizada para retirar o sangue de uma veia), se iniciadas antes da evolução para cirrose hepática, possibilita aos pacientes sobrevida semelhante à de pessoas saudáveis”, afirma a médica, ao ressaltar que os sintomas e sinais de excesso de ferro no organismo, geralmente, iniciam após os 50 anos.

A pesquisa, que visa também incluir o exame como protocolo do Sistema Único de Saúde (SUS), agora está prestes a ser publicada em uma revista nacional importante no contexto de Saúde Pública. Em 2015, um estudo realizado na macrorregião de Passo Fundo, com 189 portadores da doença, mostrou que 79,7% eram do sexo masculino e 97,8%, brancos de origem europeia. “A hemocromatose é uma doença crônica e sem cura. Os exames de triagem para pacientes pertencentes ao grupo de risco, sintomáticos ou com alterações laboratoriais características da doença são capazes de identificá-la antes que surjam suas complicações, o que torna seu diagnóstico precoce fundamental”, destaca a especialista.

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