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O Senhor ressuscitou: nós acreditamos

Deus ressuscitou Jesus e todos nós somos testemunhas disso (cf. At 2,32)

Estamos no Tempo Pascal e, nesse tempo litúrgico, fazemos a memória de momentos significativos da vida de Jesus, transcritos pelos evangelistas graças ao testemunho de quem vivenciou todos os fatos como bem expressa o evangelista João: este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e as escreveu. E nós sabemos que o testemunho dele é verdadeiro (Jo 21,24) ou como disseram Pedro e João aos seus perseguidores, segundo o texto dos atos dos Apóstolos: nós não podemos nos calar sobre o que vivos e ouvimos (At 4,20). Somos herdeiros desta história rica, compreendida à luz da fé e fazemos memória dela também sob a luz da fé. A ressurreição de Jesus teve implicância profunda nos processos posteriores vividos pelos seus seguidores e também interfere na leitura atual da vida do homem de Nazaré. Abordamos a vida de Jesus segundo a sua Páscoa, a ressurreição.

O testemunho convicto dos seguidores de Jesus é fruto de um longo processo de amadurecimento, marcado por algumas tensões e crises as quais o Ressuscitado abordou nos momentos de encontro com o grupo, sempre retomando a tradição das Sagradas Escrituras segundo a abordagem do evangelista Lucas (Lc 24, 6-7. 27.44-48).

Na cidade de Jerusalém se explicitou a crise sobre o messianismo de Jesus, fato que os próprios discípulos reconheceram (Mt 16,16). No caminho percorrido da Galileia até Jerusalém o Filho de Deus revelou com transparência o que lhe esperava (Mc 8,31; 9,31; 10,33) e convidou o grupo ao desapego e assumir a cruz (Lc 14,17).

Entretanto, para os discípulos foi difícil acolher este horizonte possível porque esperavam ver em Jesus alguém disposto a assumir o trono de Israel (Mc 8,32; 10, 9,32; 10, 35-37;). A morte na cruz desnudou a realidade não querida por eles, expressa nas palavras dos dois discípulos que iam para Emaús: nós esperávamos que fosse o libertador de Israel (Lc 24,21).

A segunda crise foi a crucificação, a crise do vazio da cruz. A morte de Jesus na cruz dispersou o grupo. A imagem retratada pelo evangelista João revela o que aconteceu: a mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz. Jesus viu sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava (Jo 29,25). Os seguidores de Jesus se dispersaram. Aparentemente a crucificação havia colocado o fim em tudo, como era o desejo dos inimigos de Jesus. Era a experiência do vazio, da derrota.

A terceira crise se expressa antevendo o grande momento. Para os seguidores de Jesus pairava a inquietação: como acreditar que ele havia vencido a morte? Como crer na sua ressurreição. O Evangelista Mateus expressa esta dúvida no encontro da Galileia quando escreve: ainda assim alguns duvidavam (Mt 28,17). Marcos descreve a dificuldade do grupo em acreditar no testemunho dos que viram o ressuscitado, Maria Madalena (Mc 16, 9-11); dois discípulos que iam para o campo (Mc 16, 13-13); até Ele que se manifestou ao onze repreendendo-os pela falta de fé e pela dureza de coração (Mc 16,14). Lucas retrata a dificuldade dos apóstolos acreditarem no testemunho das mulheres que viram o ressuscitado, achando que era tolice delas (Lc 24, 11); a admiração de Pedro ao ver o túmulo vazio (Lc 24,12); a crise dos dois discípulos que fugiam para Emaús (Lc 24,13-31); a sua aparição ao grupo desejando a paz, questionando as suas dúvidas, mostrando suas mãos e pés feridos e pedindo algo para comer (Lc 24, 36-41). João relata o encontro com Maria Madalena e o processo por ela feito para crer na ressurreição (Jo 20, 11-18); a aparição quando o grupo estava reunido desejando a paz, soprando o Espírito Santo e enviando em missão (Jo 20, 11-21). Tomé expressa a dificuldade em crer no testemunho do grupo (Jo 20, 25), até que Jesus se manifestasse ao grupo novamente na presença de Tomé (Jo 20,26) o repreendendo pela incredulidade (Jo 20,27). Também se apresenta à beira-mar, quando Pedro e outros companheiros tentavam retomar a atividade de pescadores expressando a volta ao que faziam antes (Jo 21, 1-14).

As visitas de Jesus ressuscitado tinham por objetivo revelar-se vitorioso, fortalecer o grupo e inspirá-los no testemunho que deveriam dar.

Lucas, no livro dos Atos dos Apóstolos relata este processo: foi aos apóstolos que Jesus, com numerosos provas, se mostrou vivo depois da paixão: durante quarenta dias apareceu a eles e falou-lhes do Reino de Deus (At 1,3) e prometeu o Espírito Santo (At 1,8). O testemunho do grupo foi fundamental para que outros acreditassem na ressurreição e na viabilidade da proposta de Jesus. Era necessário afirmar no grupo a convicção de que o projeto não havia acabado. E esta convicção de fé os inspirou à continuidade da obra de Jesus, dando um testemunho considerado verdadeiro, o testemunho da ressurreição (At 2,32).

As celebrações do Tempo Pascal ajudam as comunidades a mergulharem neste mistério testemunhado e acolhido sob a luz da fé como professamos: “foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso…”

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