Um estudo do economista Marco Antônio Montoya (ex-professor da Universidade de Passo Fundo), mostra que o Rio Grande do Sul é o estado da federação que enfrentou o maior número de estiagens nos últimos 21 anos. Num cenário desses, o comprometimento das finanças de quem lida com agricultura é simplesmente inevitável.
É um problema, no entanto, que remonta há muito mais tempo. O êxodo dos agricultores gaúchos para outras fronteiras agrícolas décadas atrás, foi motivada, em grande parte, pela fuga das estiagens que assolava suas lavouras. Foi uma questão de sobrevivência.
A busca por longo prazo (securitização) para o pagamento do endividamento, com taxas de juros civilizadas, não se trata de nenhuma benesse para a categoria do sul do país, a região vive uma situação de exceção climática. Essa situação parece ter a plena compreensão de produtores rurais e lideranças de outros estados, o que precisa ser transferida para o governo federal.
Foram os gaúchos que ensinaram o país a fazer agricultura e transformá-lo num dos principais celeiros mundiais. O complexo soja, que é a principal cultura aqui, tem trazido anualmente cerca de R$ 350 bilhões somente em exportações, sem medir as divisas na cadeia interna que é infinitamente maior. E o Rio Grande do Sul, tem peso importante nisso, porque em safras boas, rivaliza com o Paraná na disputa pelo segundo lugar em produção.
O IBGE mostrou essa semana que o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,4%. É um indicativo razoável, porque nesse ritmo pode chegar a quase 6% no final do ano. Mas, esse crescimento foi proporcionado mais uma vez pela locomotiva do agro que cresceu 12,2%, a nível nacional.
O agro precisa de um tratamento oficial diferenciado. Primeiro porque trata-se da atividade mais nobre que existe que é a de matar a fome das pessoas. Segundo, porque nenhum outro setor está sujeito a variável principal do clima. Além dos percalços mercadológicos, e de gestão, que todos os demais setores enfrentam, a agricultura e a pecuária estão expostas a escassez ou demasia de sol e chuva.
O preço dos alimentos nos supermercados dependem, principalmente, da oferta. A população urbana precisa compreender que quanto mais o agricultor conseguir produzir maior é a possibilidade de ter comida mais barata nas prateleiras dos supermercados.