A condição sanitária das lavouras de trigo é delicada na
região do planalto gaúcho. Elas estão infestadas de giberela, bacteriose e brusone. Essas doenças fúngicas apareceram em virtude
do excesso de chuva e calor.
O consultor Luciano Remor, observa que a média
de chuvas para setembro é de 166 milímetros, e que no mês passado choveu 500 milímetros. Além disso, a temperatura média que é de 15,6 graus, ficou
acima de 20 graus. A alta instabilidade
do tempo propiciou apenas 140 horas de insolação, quando o normal seriam 182
horas para o referido mês. Essa
combinação de fatores climáticos adversos, afetaram a principal lavoura de
inverno do Rio Grande do Sul. Em áreas
atendidas e de ensaios da Consultoria Remor, foi detectada 65% das espigas com
giberela, sendo 7% com severidade, ou seja, perdidas. No caso dessa doença o herbicida ainda tem
uma eficiência de 75%, o problema é a bacteriose, em que o mercado não oferece produto capaz de
fazer o controle e ela está provocando estragos.
O tamanho do prejuízo ainda não pode ser medido, mas é inevitável.
O trigo é um produto que o
mercado é seletivo pela qualidade. Caso
não atinja o PH(Peso Hectolitro) 78, ele é descartado como trigo e destinado à
ração animal.
Na
combinação de variáveis negativas ao setor está o preço. O mercado está
pagando apenas R$ 54,00 a saca. Ano
passado, na virada de setembro para outubro, a cotação era de R$ 91,00, ou seja
R$ 37,00 a menos. Os insumos baixaram, mas não na proporção das cotações, compara
Remor. O custo de formação de um hectare nesse ano foi de R$ 4.400,00. Para pagar a conta do custo de produção, nesse patamar de preço, o
triticultor teria que obter uma produtividade de 81,4 sacas por hectare, resultado bem acima da média gaúcha de produtividade.
Em 2022,
o agricultor se motivou com o bom resultado dessa lavoura, mas esse ano está
sendo frustrado com uma série de combinações climáticas e mercadológica
desfavorável.
(Texto: João Altair.
Foto: lavoura de Benhur
Andreolla/Marau-RS)