O homem que matou quatro crianças no ataque à creche Cantinho Bom
Pastor, em Blumenau, vai responder por quatro homicídios consumados e por
outros cinco tentados, todos eles quadruplamente qualificados.
As qualificadoras dos crimes são motivo torpe, uso de meio cruel,
impossibilidade de defesa da vítima e prática contra menores de 14 anos.
A conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o caso foi
anunciada em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (17), 12 dias após o
ataque e quando foram retomadas as aulas na creche.
A investigação agora será repassada ao Ministério Público, que
poderá dar andamento ao caso ao oferecer denúncia na Justiça.
Ao traçar um perfil do agressor e esclarecer as motivações do
caso, o delegado Ronnie Reis Esteves, coordenador da Divisão de Investigação
Criminal (DIC) em Blumenau, afirmou que o assassino se tornou usuário de
cocaína há três anos e, por conta disso, passou a ter alucinações, o que se
repetiu na ocasião em que criou uma narrativa na própria cabeça que teria
motivado o ataque.
Foram identificados cocaína e álcool no organismo dele, mas não há
confirmação sobre a quantidade e se houve uso no dia do ataque.
O assassino disse à Polícia Civil que queria mostrar coragem com o
ato. O agressor ainda afirmou à Polícia Civil que não se arrependeu e que, se
pudesse, teria feito novamente.
— É uma pessoa que não tem condição alguma de viver em sociedade.
E nenhuma punição vai reparar o que ele fez — disse Esteves.
O delegado afirmou que o agressor ainda tentou apontar um policial
militar como suposto mandante do ataque, o que foi refutado pela investigação e
pelo próprio assassino posteriormente.
Esse policial, ouvido pela investigação, treinava na mesma
academia do assassino, mas sequer o conhecia.
Além de policial, ele é competidor de jiu-jitsu e, segundo a
Polícia Civil, era visto com admiração pelo assassino e foi colocado em uma
narrativa alucinada como uma figura de coragem e um rival.
O delegado Rodrigo Raitez, também da DIC em Blumenau, afirmou, ao
detalhar a dinâmica do crime, que o assassino disse ter cogitado ataque em outras duas escolas de Blumenau no dia do ocorrido, mas teria desistido devido aos muros serem altos.
Além disso, o delegado-geral afirmou que a perícia no celular do
agressor descartou participação dele em células neonazistas ou grupos de ódio.
Disse que o assassino participava de um grupo no Facebook sobre satanismo, mas
descartou que integrasse alguma seita.
Também estiveram na coletiva a perita-geral da Polícia Científica
no estado, Andressa Boer Fronza, o superintendente regional da Polícia
Científica de Blumenau, Tiago Luchetta, os subcomandantes-gerais da Polícia
Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), Alessandro
José Machado e Reinaldo Onofre Laureano Júnior, respectivamente, e a
secretaria-adjunta de Educação, Patrícia Lueders.
Fonte: Nsc Total