A Universidade de Brasília (UnB) expulsou, nessa sexta-feira (5), o estudante Wilker Leão, que ganhou notoriedade por gravar aulas e divulgar em suas redes conteúdos que classificava como exemplos de doutrinação ideológica. A decisão, assinada pela reitora Rozana Reigota Naves, também impede o aluno de realizar novas matrículas na instituição.
O caso, no entanto, já havia ultrapassado os limites do ambiente acadêmico e chegado ao Judiciário. Em julho, Leão foi condenado a 2 anos e 3 meses de detenção, em regime aberto, por calúnia e difamação contra o professor Estevam Thompson, após a divulgação de vídeos gravados em sala de aula.
As imagens foram feitas durante aulas de História da África e reuniram milhões de visualizações na internet. Nelas, o estudante utilizava expressões irônicas como “professor brabão” e “transgeneral”, além de questionar a abordagem do docente sobre escravidão e capitalismo. Para a juíza Ana Cláudia Loiola, responsável pela sentença, as gravações configuraram ofensa à honra e violaram a liberdade de cátedra, princípio que garante autonomia ao professor na condução do conteúdo.
Apesar da condenação, o caso levanta debate sobre o limite entre a autonomia docente e o interesse público na divulgação de informações. Tribunais Superiores já reconheceram a legalidade de gravações ambientais feitas por um dos interlocutores e a compatibilidade da liberdade de cátedra com outras garantias constitucionais.