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Vida consagrada: luz de Deus para a humanidade Vós sois a luz do mundo (Mt 5,14)

Pe. Ari Antonio dos Reis

O dia 02 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, é também o dia Mundial da Vida Consagrada. A comemoração desta data teve início em 1997, por decisão do Papa João Paulo II. Ele criou este dia como um momento destinado à reflexão sobre a missão e a importância dos consagrados e consagradas na Igreja, uma missão especial e insubstituível.

Vários documentos da Igreja refletem a importância da vida consagrada para Igreja. Segundo a Constituição Conciliar Lumem Gentium os religiosos e religiosas através dos votos da castidade consagrada a Deus, de pobreza e de obediência, fundados sobre a palavra e o exemplo de Cristo e recomendados pelos Apóstolos, pelos Padres, Doutores e Pastores da Igreja, são um dom divino, que a mesma Igreja recebeu do seu Senhor e com a Sua graça sempre conserva (LG 43). São um testemunho vivo e perene para toda a Igreja de Cristo e implicam em grande vitalidade evangélica para a Igreja.

O Espírito Santo inspirou a vida consagrada através dos diferentes carismas a servir ao evangelho em diferentes lugares do mundo e em diferentes situações. O Documento de Aparecida expressa esta diversidade enriquecedora no seio da Igreja. Segundo o documento a vida consagrada “expressa-se na vida monástica, contemplativa e ativa, nos institutos seculares, naqueles que se inserem nas sociedades de vida apostólica e outras novas formas. É um caminho de especial seguimento de Cristo, no qual cada um deve dedicar-se Ele com um coração indivisível e, colocar-se, como Ele, a serviço de Deus e da humanidade, assumindo a forma de vida que Cristo escolheu para vir a este mundo: uma vida virginal, pobre e obediente” (DAp 216).

As dimensões acima descritas asseguram que a vida consagrada tem historicamente, respeitando os vários carismas, um lugar especial na obra evangelizadora da Igreja segundo o Evangelho de Jesus Cristo. Passa pela vida contemplativa que alia, a prece, o trabalho e frugalidade do uso dos bens do mundo. Compreende a presença missionária em lugares onde nem o Estado ousa estar, porque lá estão vidas a serem amadas e cuidadas, como pede Jesus. Abrange a atenção aos doentes, crianças, idosos, encarcerados, trazendo para a concretude da vida a memória do Evangelho de Mateus que afirma que o Filho de Deus está no corpo sofrido de cada um desses irmãos (Mt 25, 31-45). Implica a atenção evangélica a outros setores da vida humana que carecem de um sentido cristão e da presença evangélica. São lugares de ação dos consagrados e consagradas. A obediência a inspiração divina permite esta presença inspiradora no mundo, verdadeira luz para a humanidade, como foi Jesus, reconhecido pelo velho Simeão (Lc 2,32).

Lá no templo, durante a apresentação do menino Jesus ao Senhor, aconteceu uma inversão muito significativa, pela força e graça de Deus. Pelas palavras de Simeão e Ana, duas pessoas “de Deus”, aquele menino foi apresentado à humanidade como a “luz para iluminar as nações”. Ampliou-se o alcance daquele rito da tradição judaica. José e Maria precisaram acolher uma nova dimensão na vida do filho que levaram ao Templo para apresentar ao Senhor. O próprio Senhor, pelos lábios de Simeão e Ana, o apresentou como luz das nações, salvador da humanidade (Lc 2,22-40).

A partir deste fundamento bíblico compreende-se a missão dos consagrados e consagradas. Ela se funda sobretudo em Jesus Cristo. A consagração primeira feita no Batismo ganha densidade pela consagração dos três votos, pobreza, castidade e obediência seguindo um carisma especial, em vista de uma causa significativa, a dedicação ao Evangelho de Jesus Cristo. Ela parte de Jesus e necessita estar constantemente se reportando a Jesus, em vista da fidelidade. Isto é fundamental para ser luz para a humanidade, como Jesus foi luz para as nações.

Tomamos também outra referência bíblica que inspira a missão consagrada. Jesus, ao proclamar o Sermão da Montanha (Mt 5-7), convidou os seguidores a serem luz do mundo (Mt 5,14-16). Para os consagrados o “ser luz” compreende entre outros compromissos três dimensões. Luz para toda a humanidade, pelo testemunho evangélico dado cotidianamente em lugares onde teimam em perdura as sombras. Luz para a Igreja de Cristo, no sentido da referência ao seguimento e testemunho de Jesus Cristo, segundo os carismas próprios da vida consagrada. Luz para os consagrados e consagradas, num movimento interno de animação e renovação da esperança de um caminho especial de se viver a fé e o chamado missionário, em situações muitas vezes tensas e difíceis. São lugares especiais a exemplo de Jesus Cristo para os consagrados serem luz nos tempos hodiernos.

Roguemos que Jesus Cristo, luz para as nações continue inspirando os consagrados e consagradas a serem luz para a Igreja e para humanidade.

Pe. Ari Antonio dos Reis

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