As ruas do Recife foram tomadas por cenas de violência antes do clássico entre Santa Cruz e Sport, válido pelo Campeonato Pernambucano. Conhecido como “Clássico das Multidões”, o confronto gerou brigas violentas entre torcidas organizadas, correria e depredação em diversos bairros da cidade, deixando feridos e assustando moradores.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram a intensificação da violência, com torcedores portando pedras e pedaços de paus, além de explosões de bombas e os sons de fogos de artifício. Em um dos vídeos, um homem é agredido de forma brutal por um grupo de mais de 10 torcedores do Santa Cruz, que o espancam com socos, pontapés e até o atingem com uma moto.
As imagens também revelam cenas de saques a supermercados e lojas em bairros como a Madalena e a Encruzilhada, enquanto a Rua Real da Torre, na Zona Oeste, foi tomada pela fumaça da violência. O clima de pânico fez com que vários estabelecimentos fechassem as portas, enquanto outras áreas da cidade enfrentaram tumultos e destruição.
De acordo com o Hospital da Restauração (HR), 12 vítimas de agressões físicas deram entrada na unidade até o meio da tarde. O número de feridos pode ser maior, já que muitos ainda estão sendo atendidos em unidades de saúde da cidade.
Em resposta à violência, a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco, a Polícia Civil e a Polícia Militar foram questionadas sobre as ocorrências, mas não se manifestaram até o fechamento desta reportagem. No entanto, em reunião realizada na tarde de sexta, ficou decidido que o jogo ocorreria com a presença de 645 policiais, incluindo efetivos do Batalhão de Choque, Rádio Patrulha, Rocam e Cavalaria.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) se manifestou nas redes sociais, garantindo que estava acompanhando a situação e tomando providências para punir os responsáveis pelos atos de violência. Ela informou que cerca de 700 policiais estariam dedicados à missão de garantir a segurança e que os feridos recebiam atendimento no HR. “Os verdadeiros torcedores e a população não podem e não vão ficar acuados pelos que usam o futebol para praticar violência”, afirmou a governadora.
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), também condenou as cenas de violência e reforçou a necessidade de punição severa aos envolvidos. “Futebol não é isso”, disse o prefeito.
Apesar da violência, o clássico foi mantido. O presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, afirmou que o jogo não seria cancelado, alegando que isso só aumentaria a tensão. “O jogo tem que acontecer para reduzir a violência”, disse. Já o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), havia pedido o cancelamento da partida, devido aos confrontos registrados nas ruas.