A chacina do Bairro Cohab completou, no último domingo (19), quatro anos. Segundo a assistência de acusação, até o momento, a família busca por justiça. Diênifer Padia, 26, Kétlyn Padia dos Santos, 15, e seu pai Alessandro dos Santos, 35 anos, foram mortos asfixiados com “engasga gato” dentro da casa em que residiam no Bairro Cohab.
A Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu que o produtor rural de Casca, Eleandro Roso, sua companheira, Fernanda Rizzotto, e o cunhado Claudiomir Rizzotto planejaram o crime, contratando o ex-PM Luciano Costa dos Santos (Costinha) e sua companheira Monalisa Kich Anunciação para a execução.
Hoje (21), o advogado criminalista Gustavo da Luz, que atua como assistente de acusação, informou, em coletiva de imprensa, que os familiares das vítimas estão suplicando por justiça. Em entrevista, o criminalista disse que uma das principais dúvidas dos familiares é o paradeiro dos irmãos Claudiomir e Fernanda, que estão foragidos há quatro anos. Outro questionamento é sobre quem foram os executores das mortes.
“A família das vítimas está dilacerada pela perda ocorrida e, neste momento, vem sofrendo não só pela dor e pela forma brutal e desproporcional como seus entes queridos foram tirados de suas vidas, mas pela falta de efetivação da punição daqueles que merecem estar atrás das grades, conforme bem demonstrou a investigação e ordenam as leis que regem o país”, disse Da Luz em entrevista.
DESAFORAMENTO
A defesa de Luciano e Monalisa pediu o desaforamento do julgamento, devido à repercussão do fato. O pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça do Estado.
O júri, que era para ocorrer em março, foi cancelado a pedido do advogado criminalista José Paulo Schneider, que assumiu a defesa do casal recentemente, no lugar do criminalista Flávio Algarve.
Nossa reportagem conversou com Schneider, que informou seguir tentando desaforar o caso de Passo Fundo. Ele irá procurar o Supremo Tribunal Federal para tentar tirar o julgamento de Passo Fundo. O motivo, segundo José Paulo Schneider, é a repercussão do fato, que pode interferir nos jurados.
SAIBA MAIS SOBRE A CHACINA
A motivação da chacina, de acordo com a Polícia Civil, foi um relacionamento extraconjugal entre a vítima Dienefer e seu patrão Eleandro Roso.
Dienifer trabalhou em uma fazenda em Casca e teve um relacionamento com Eleandro Roso, que é casado. Durante esse relacionamento, Dienifer engravidou de Eleandro. Quando a esposa de Eleandro, Fernanda Rizzotto, descobriu sobre o caso, Dienifer foi expulsa da fazenda onde também morava e voltou para Passo Fundo. Fernanda só descobriu que o filho da empregada era de seu marido após o nascimento da criança.
A Delegacia de Homicídios concluiu que Dienifer passou a receber ameaças em sua casa no Bairro Cruzeiro. Dentre as ameaças, recebeu uma boneca mutilada. Eleandro então comprou uma casa no Bairro Cohab para usufruto da criança.
Ainda de acordo com a polícia, Eleandro passou a ser extorquido, então sua mulher decidiu tirar a vida de Dienifer.
Eleandro, Fernanda e o irmão dela, Claudiomir Rizzotto, decidiram matar Dienifer e contrataram Costinha para fazer o serviço, porém ele terceirizou o trabalho e contratou outras duas pessoas.
O PLANEJAMENTO DA EXECUÇÃO
A PC apontou que Monalisa Kich Anunciação, mulher de Costinha, comprou um celular de Dienefer pela internet. Ela foi até a residência, buscou o aparelho e fez fotos da casa.
Quando Dienefer fez um novo anúncio na internet, os supostos compradores eram os assassinos. Eles entraram na casa com um propósito: cometer o crime. O alvo seria apenas Dienefer. De acordo com a polícia, Alessandro e sua filha Ketlin estavam no “lugar errado e na hora errada”. Todos foram asfixiados e mortos com lacres “engasga gato”.
OS RESPONSÁVEIS PELO CRIME
A polícia indiciou Eleandro, Fernanda Rizzotto, Claudiomir Rizzotto, Luciano Costa dos Santos e Monalisa Kich Anunciação pelo crime. Os dois executores nunca foram sequer identificados.
Eleandro Roso foi julgado em novembro de 2022 e condenado a 69 anos de prisão. Em agosto de 2023, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul julgou o recurso da sua defesa e decidiu reduzir 10 anos de sua pena, mas não anulou o julgamento.
Costinha está preso e aguarda o julgamento.
Monalisa não teve prisão decretada, responde ao processo em liberdade e também aguarda o júri.