Em um trabalho que levou cerca de três meses, curso de Design de Moda da UPF produziu peças de roupas e máscaras a partir de materiais reaproveitados, com o tema “Baile de máscaras: Carnaval de Veneza”
O mundo da moda é cheio de possibilidades. E uma delas é a de criar a partir do que já existe. É basicamente esse o conceito de upcycling, que pode ser traduzido por reutilização. A proposta é criar novas peças reaproveitando materiais que já foram utilizados e dando mais tempo de vida útil a tecidos e objetos que seriam descartados. Foi a partir desse conceito, que o curso de Design de Moda da Universidade de Passo Fundo produziu 175 peças para compor 25 looks que foram desfilados na 20ª edição da Feira de Economia Popular Solidária (Fresol), que ocorreu no último final de semana, no Bourbon Shopping.
O trabalho de produção para o desfile, que foi realizado na noite de sexta-feira, 10 de novembro, iniciou há três meses. Com o tema “Baile de máscaras: Carnaval de Veneza”, a produção envolveu, além dos figurinos, a confecção que máscaras, que foi feita com a ajuda do curso de Artes Visuais da UPF. O trabalho foi realizado a partir de duas disciplinas do curso, Moda Sustentável e Projeto de Extensão Comunitária. “Todas as peças foram desenvolvidas a partir desse conceito de upcycling, que é o reaproveitamento de tudo que já foi utilizado uma vez. Isso, para nossos estudantes, é o novo conceito de moda sustentável, é a moda que nós acreditamos que seja o futuro, uma moda que não agride o meio ambiente, que não tem impactos ambientais e que faz com que as pessoas realmente se apaixonem pelos produtos reutilizáveis”, explica a coordenadora do curso, professora Dulcicléia Antunes.
Prestes a se formar, Angelita Cardoso foi uma das estudantes envolvidas na produção das peças e falou sobre a importância de pensar a sustentabilidade na indústria da moda. “É gratificante fazer um trabalho como esse, porque nós percebemos quanta coisa que é descartada pode ser transformada em algo novo e bonito. Então, fazer esse projeto, trabalhar essa temática foi muito importante para nosso crescimento pessoal e profissional”, pontuou. Na opinião da acadêmica, a moda é uma desconstrução. “A moda tem uma finalidade só de vestir, mas de provocar mudanças, tanto sociais, quanto políticas. As críticas que os profissionais conseguem fazer na passarela, as possibilidades que você consegue mostrar. Para nós, enquanto profissionais, saber trabalhar com diferentes materiais é fundamental. E para quem assiste, acredito que também desperta para isso, para imaginar coisas diferentes do que estão acostumados e provocar uma mudança de paradigmas”, completou.
A produção também contou com a participação de mulheres da comunidade que integram o Curso de Costura Criativa, desenvolvido pela UPF, em parceria com a Be8/SA e a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Estado do Rio Grande do Sul (Unisol RS). Uma das modelos foi a aposentada Lúcia Maria Vaz, moradora do bairro Bom Recreio. Desfilando pela primeira vez, ela contou que no início ficou um pouco preocupada, mas confiante de que daria certo. “Ajudei a montar as máscaras e os looks Para mim, é uma experiência nova, pensar, criar, mas eu gostei muito”, disse a aposentada, que teve seu primeiro contato com a costura a partir do curso. “Eu não sabia nem costura reta e agora estou conseguindo fazer peças e tenho planos de continuar costurando. É uma coisa boa, e que eu gosto muito”, acrescentou.
Novo perfil do profissional de moda
Além de levar para o público uma moda que converse com a temática da feira, o desfile também foi uma oportunidade para que os estudantes do curso pudessem ter uma experiência profissional, antes mesmo de concluir a graduação. “A nossa ideia é tirar eles da sala de aula e desafiá-los a colocar para ter uma experiência real. Nesse desfile, eles trabalharam como profissionais de moda: vivenciaram a experiência de backstage, de passarela em um espaço que tem tudo a ver com o curso de moda e com o novo perfil do profissional de moda que estamos formando”, frisou a professora Dulci.
Para Angelita, o desfile é uma grande oportunidade de trabalhar e dar os primeiros passos na área. “Quem está aqui, está buscando seu espaço no mercado de trabalho e sabemos que a moda tem várias vertentes e várias possibilidades. Eu, particularmente, gosto muito da sustentabilidade, então a minha intenção é produzir moda a partir de coisas que já existem, trabalhar com peças de brechó, transformar, modificar, trazer para a modernidade e oferecer ao consumidor algo exclusivo. Esse é o meu propósito”, concluiu a acadêmica.