Dentro do ciclo litúrgico do Natal celebramos neste domingo a Festa da Epifania do Senhor. Significa a manifestação do Senhor Jesus e seu propósito salvador a toda a humanidade. Também se reza a disposição da sua acolhida deste projeto por parte da humanidade.
Compreendemos a Epifania como um diálogo de amor que parte de Deus, o verbo encarnado, e a humanidade toda, representada naqueles homens que ao saberem da notícia do nascimento de Jesus se colocaram a caminho para encontrarem o salvador. Fizeram-se peregrinos porque para eles valia a pena. E o diálogo deu resultados porque eles voltaram para casa transformados como afirma o Evangelista Mateus.
Vê-se que esta manifestação já acontecera aos pastores, ligados à tradição judaica, relatada por Lucas (Lc 2,1-14). Logo que a criança nascera naquela gruta da cidade de Belém os pastores, que estavam no campo cuidando das ovelhas, souberam do fato. Avisados pelo anjo do Senhor e guiados pela coorte celeste (Lc 2,13) foram ao encontro do menino Jesus prestar-lhe reverência. A criança que nascera na pobreza e vulnerabilidade é reconhecida e acolhida por homens pobres e de coração generoso.
Deus aprofunda o seu diálogo com a humanidade. Ele vai além da interlocução com os pastores. O texto de Mateus refletido na Celebração da Epifania (Mt 2,1-12) reflete a vontade divina de ampliar a sua proposta salvadora para todos os homens e mulheres. Como afirmado no início deste texto, os magos acolhem esta bonita provocação e não hesitam em se pôr a caminho qual peregrinos em busca desta bonita novidade. O texto pode ser dividido em diferentes tópicos.
Primeiro a busca. Ao saber do nascimento do “rei” os magos, pessoas, sábias, que representam diferentes culturas se colocam a caminho. Vão em busca daquilo que consideram importante guiados pela estrela, pela vontade de encontrar o salvador. Se Deus tomou a decisão de vir ao encontro da humanidade eles, representando a humanidade vão ao encontro do verbo encarnado. Ao peregrinar estão respondendo à iniciativa divina.
A atitude de colocar-se a caminho não torna a pessoa imune aos equívocos. É o segundo aspecto. Aqueles homens, apesar da boa vontade, foram parar no palácio do rei Herodes. Este não ficou contente com a notícia do nascimento do salvador. Pelo contrário, sentiu-se ameaçado. Era considerado um rei ilegítimo por não ser judeu. Por isso, o medo e insegurança. Consultou o conselho e, ao dar-se conta da veracidade da notícia, tentou de forma astuciosa enganar os caminhantes com o propósito de eliminar Jesus. Para ele a manifestação de do verbo encarnado não deveria ter acontecido.
O terceiro aspecto do texto apresenta o encontro. Os magos encontraram novamente a estrela e o caminho até o salvador. A peregrinação tinha sido eficaz. Chegaram ao objetivo. E o encontro os encheu de alegria. Assumiram duas atitudes que revelaram a reverência diante do menino Jesus: ajoelharam-se o que indica que reconheciam a grandeza daquele que estava a sua frente. Depois, nas diferentes narrativas dos evangelistas, vê-se quantas pessoas que se ajoelham diante do Filho de Deus reconhecendo o seu poder. Era um poder voltado para o bem, para a vida e não ameaçador da vida como o do rei Herodes. Ofereceram presentes a Jesus, ouro, incenso e mirra. Aqui aparece a dimensão afetiva. Dá-se presentes a quem se quer bem. Mas também a dimensão teológica. Jesus na sua missão é sacerdote, profeta e rei, aquele que ilumina a vida dos povos, a sabedoria disposta a toda a humanidade e o referencial de vida para os que se comprometem com a prática da justiça e do bem.
Terminado aquele encontro os magos voltaram para casa por outro caminho, diferente do prescrito por Herodes, o inimigo de Jesus. Eles voltaram transformados pelo encontro com o salvador.
Na sua peregrinação encontraram-se com dois reis. Um sanguinário e ameaçador da vida. O outro comprometido com a vida ao ponto de doar a sua vida pelo bem da humanidade.
O segundo encontro explicita o sentido da manifestação de Deus. Ele manifesta-se como amor e doação a toda a humanidade.
Os magos compreenderam isso. Possamos também ter esta mesma compreensão.
Pe. Ari Antonio dos Reis