Grupo Planalto de comunicação

Manifestação de Cristo às nações

Dom Rodolfo Luís Weber - Arcebispo de Passo Fundo

Nas celebrações natalinas a solenidade da Epifania do Senhor tem uma grande relevância (Isaías 60,1-6, Salmo 71, Efésios 3,2-6 e Mateus 2,1-12). Assim reza a oração da coleta: “Ó Deus, que hoje revelastes o vosso Filho Unigênito às nações, guiando-as pela estrela, concedei benigno a nós que já vos conhecemos pela fé, sermos conduzidos à contemplação da vossa face no céu”. O evangelista Mateus indica o momento histórico (no tempo do rei Herodes), o local geográfico (oriente, Belém, Jerusalém) e os personagens (Jesus, Herodes, sacerdotes e mestres da Lei, Maria). 

Por que é tão importante este acontecimento da visita dos Magos vindos do Oriente para adorar Jesus em Belém? O ensinamento fundamental é que Jesus nasceu para todos os povos e de todos os tempos. Este ensinamento é confirmado posteriormente por Jesus, em diversas ocasiões e por fim quando envia o Apóstolos a pregar o Evangelho a todas das criaturas. Deus prometera a Abrão: “Por ti se abençoarão todas as tribos da terra”. A promessa distante se tornou realidade. Maria, José, os pastores representam o povo iniciado por Abraão e os magos representam as nações.

Grande relevância tem os magos. O relato de Mateus não cita nenhuma fala deles, mas descreve em detalhes como chegaram até Jesus e o que mudou depois de tê-lo encontrado. Podemos dizer que eles são os primeiros peregrinos da história. Vivemos no Jubileu da Esperança 2025 e entre as atitudes fundamentais está a peregrinação a lugares marcantes para encontrar Cristo. A peregrinação é um caminho físico, um deslocamento de um lugar a outro. Ele é sinal de um caminho interior que leva a Jesus Cristo, que veio habitar entre nós. Ele se fez criança para ser facilmente encontrado. 

Os magos são exemplo para quem Deus. Mauro Orsatti, no livro No Caminho com a Palavra, oferece esta reflexão inspirada: “Quem procura encontra. O itinerário dos Magos é o mapa da existência humana, no qual o componente da busca jamais está totalmente exaurido. Partem porque tinham visto uma estrela, mas a sua busca toca as profundezas do coração. A luz que os acompanha torna-se sempre mais luminosa, porque a luz exterior se torna interior. O caminho não é, porém nem automático nem fácil. A luz necessita de uma irmã que se chama confiança: é uma secreta esperança, uma energia que faz mover, uma força que fortalece no momento do desânimo. Tem um nome cristão para esta experiência e se chama fé.

Quem se coloca a caminho, mesmo se rico em confiança, pode perder os contornos exatos da realidade, temer que está equivocado por uma ilusão. É o momento de recorrer ao zaino(cavalo) da humildade. Os magos que não veem mais a luz não voltam atrás, não se deixam prender na desilusão, porque a humildade os estimula a prosseguir. A tentação oferece sempre lentes para o aumento do negativo. E as distribui grátis, a fim de que os fracos ou os orgulhosos se detenham. Os magos não cedem a esta confusão.

Não se deixam enganar por Herodes: são crentes, não supersticiosos. Uma disposição da providência impede que eles caiam nos enredos de quem busca sem encontrar. Eles procuram e encontram. Chegam, adoram a luz que da estrela se tornou pessoa, a luz mesma de Deus presente no seu Filho eterno, agora entrado no tempo graças à obra direta de Maria e com a colaboração indireta de José. De fato, chegados finalmente a Belém, entendem que ali estava a luz que os tinha guiado. Por vezes, tinham-na sentida como uma segurança que os envolvia, outras vezes somente a viam ofuscada, outras vezes parecia perdida… Os magos aprenderam que a luz verdadeira guia e se esconde, para que assim se possa procurá-la e ter a alegria de encontrá-la. Torna-se agora mais luminosa, até tornar-se a luz que não se apaga jamais para toda a eternidade: é a vida mesma com Deus”.

Dom Rodolfo Luís Weber- Arcebispo de Passo Fundo.

Facebook
Twitter
WhatsApp