A qualidade de vida dos pacientes com perda auditiva severa ou profunda é um dos principais benefícios do implante coclear, também conhecido popularmente como “ouvido biônico”.
O cirurgião otorrinolaringologista, Dr. Fábio Pires foi o médico responsável pelo primeiro procedimento de implante coclear realizado no Hospital de Clínicas no fim do mês de abril e relaciona a importância da disponibilidade do implante coclear em nossa região.
“O objetivo é minimizar os impactos devastadores da perda auditiva (isolamento social, depressão, ansiedade, etc), reinserindo a pessoa de maneira plena na sociedade e na sua vida normal de antes. No caso de bebês, uma criança que não falaria e teria grandes dificuldades para a comunicação, se implantada idealmente até os 12 meses, pode desenvolver a linguagem como uma criança que escuta normalmente e ter uma vida acadêmica, social e profissional normal e independente.”
O otorrinolaringologista explica quais são os casos em que o implante coclear pode ser utilizado. “O implante coclear está indicado para qualquer idade desde que o paciente apresente uma perda auditiva severa ou profunda bilateralmente e que não tenha apresentado benefício com o uso de aparelhos auditivos.”
Diagnóstico e acompanhamento
Embora muitos procedimentos sejam realizados já na vida adulta, como no caso da paciente atendida no Hospital de Clínicas, a avaliação para o implante coclear pode iniciar ainda na infância, caso sejam identificadas alterações no teste da orelhinha. “Nos casos dos recém-nascidos com perda congênita, a “jornada” inicia após uma falha no teste da orelhinha. Tudo inicia com a identificação da perda auditiva através de exames que avaliam a audição, que podem variar de acordo com a idade do paciente. Estes realizados por profissionais da área de fonoaudiologia.” pontua Dr. Fábio.
Após o diagnóstico e determinação de indicação cirúrgica, o paciente passará por avaliação pré-operatória, aos cuidados do cirurgião responsável.
“A cirurgia é realizada sob anestesia geral e dura cerca de duas horas e meia a três horas. O cirurgião faz uso do microscópio para visualizar as estruturas do ouvido. É inserido um feixe de eletrodos no interior da cóclea (nosso órgão auditivo natural, o qual está danificado e causando a perda auditiva) e uma unidade interna é posicionada no crânio, próxima à orelha. O paciente recebe alta normalmente no dia seguinte e o pós-operatório costuma ser muito bem tolerado, praticamente indolor.” esclarece Dr. Fábio Pires.
A estrutura disponível e expertise dos profissionais envolvidos é imprescindível para o sucesso deste procedimento de alta complexidade. “É preciso uma grande experiência em avaliação da audição por parte da fonoaudiologia e experiência em cirurgia de ouvido por parte do cirurgião otorrinolaringologista. Formação específica em implante coclear por parte da equipe é indispensável. A estrutura hospitalar e de centro cirúrgico, com recursos como um bom microscópio é de suma importância para um procedimento tranquilo e seguro.” finaliza o cirurgião otorrinolaringologista, Fábio Pires.
Fonte: HCPF