O Rio Grande do Sul vivenciou no mês de maio a pior catástrofe climática de todos os tempos, com inundações, que acabaram causando destruição em diversas regiões. O estado, desde então, recebe uma rede de apoio, com ações solidárias, para a reconstrução em diversos municípios.
O Rio Grande do Sul teve 94% dos seus municípios afetados, ficando 78 em estado de calamidade, 340 em emergência e 51 atingidos de forma geral. Os órgãos competentes mobilizaram esforços emergenciais, enfrentando desafios imensos. Foram várias frentes de trabalho, com destaque para as ações do voluntariado.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destinou R$ 16 milhões aos atingidos pelas chuvas. As ações de apoio foram apresentadas em edição da Revista “Gente à Frente”, a Igreja Católica em Missão no Rio Grande do Sul. De acordo com a publicação, a campanha arrecadou também suprimentos para as famílias afetadas.
Os trabalhos de apoio aos municípios gaúchos passaram por vários setores. O acolhimento foi uma das marcas da solidariedade. A equipe do Hospital Universitário São Francisco de Paula, da Universidade Católica de Pelotas (Ucpel) mobilizou-se diariamente para atendimento à comunidade de Pelotas, no Sul do estado, mantendo às atividades e oferecendo toda a atenção necessária aos pacientes. Foram buscados ventiladores mecânicos para aqueles que estavam em estado crítico e foram acolhidos, ainda, pacientes de outras localidades. O Hospital Universitário garantiu o fornecimento de 3,5 toneladas de suprimentos hospitalares para o tratamento de hemodiálise. A ação teve a colaboração do Exército Brasileiro e das secretarias estadual e municipal de Saúde.
Houve atenção especial à informação, como equipes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com professores, apoiados pelo Conselho Regional de Psicologia, oferecendo um curso rápido e gratuito para os profissionais envolvidos nos resgates. Foram produzidas 160 publicações, cartilhas e conteúdos relevantes para a comunidade. Dentre os materiais estava o guia rápido sobre como aproveitar a água da chuva, como recuperar carros e eletrodomésticos que ficaram submersos e com o identificar e lidar com situações de violência contra as crianças no contexto atual. Também, mobilizando os canais de comunicação da instituição, foram preparadas matérias especiais sobre as doenças, com esclarecimentos sobre leptospirose e dengue, além de dicas de higienização para residências após o alagamento. Além disso, a PUCRS acolheu mais de 250 pessoas em seu alojamento, com realização de mais de 500 consultas médicas, mais de 120 atendimentos psicológicos, mais de 40 atendimentos odontológicos e mais de 150 aplicações de vacinas contra a influenza. O Hospital da instituição também serviu de abrigo temporário para os próprios colaboradores, com muitos deles perdendo tudo nas enchentes.
Por exemplo, na área ambiental, destaque para o Projeto Regenera, realizado em parceria com a Universidade La Salle. O Instituto Mulher em Construção preparou oficinas gratuitas na área da construção civil, permitindo que as pessoas pudessem reconstruir suas casas. A iniciativa compreende o oferecimento de todo o suporte aos beneficiários para a reconstrução. Está sendo construído o primeiro Centro de Capacitação, com o apoio de empresas e doadores engajados na campanha. Todas as contribuições recebidas estão sendo direcionadas para financiar o projeto, que capacitará as pessoas afetadas pelas enchentes a realizarem reparos necessários em suas casas. Nas oficinas serão oferecidas orientações sobre as áreas hidráulica, mecânica, elétrica e pintura básica. Ainda na parte ambiental ocorreu a criação da plataforma “Tamo Junto RS”, na qual municípios ou abrigos faziam solicitações. Os locais que possuíam os medicamentos realizavam a separação e a distribuição. Em Santa Maria, na região central, os remédios doados por empresas foram enviados ao aeroporto da base aérea e distribuídos nos pontos de triagem para diversos municípios, tendo o apoio dos voluntários dos cursos de Farmácia e Mestrado em Ciências da Saúde e da Vida.
Na área de saúde, a Universidade Católica de Pelotas realizam mais de 6.500 atendimentos pelos acadêmicos, com acompanhamento de professores, Mais de 10 mil desabrigados receberam vacinação no período.
A Cáritas realizou ações em apoio às comunidades. Assim, foi fundamental o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com o apoio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e o recebimento de cestas do Ministério do Desenvolvimento Social.
A publicação ainda retrata as ações de encaminhamento para o trabalho, a fim de que as famílias pudessem garantir o seu sustento em tempos de reconstrução. O PUC Carreiras e a Fundação Irmão José Otão (FIJO) criaram a Empregar Tchê, para promover a conexão entre pessoas afetadas, direta ou indiretamente, com as empresas, através de vagas de estágio e empregos efetivos. Os candidatos se cadastraram, sendo 53% formados por mulheres e 47% por homens. Além disso, está desenvolvida uma força-tarefa com as empresas gaúchas, com processos seletivos. Atualmente, mais de 50 empresas já são parceiras da iniciativa, atuando em diversas regiões do estado e do país. Entre as áreas que abriram oportunidades de colocação estão industrial, administrativa, alimentícia, serviços gerais, comércio/varejo, manutenção, recursos humanos e marketing.
São tantas ações referidas. Entre as ações das instituições está, também, a produção de móveis para as famílias atingidas pelas enchentes. Foram produzidos balcões, seguindo as teorias da área do Design de Crise e considerando as diretrizes do desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), que buscam combater a pobreza e proteger o ambiente e o clima, assegurando às pessoas condições de paz e prosperidade.